O Brasil é campeão mundial em cesarianas. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2015, 55,5% dos nascimentos no Brasil foram cesáreas, contra 44,5% de partos normais. A Organização Mundial de Saúde estima que a cirurgia seja necessária para até 15% dos nascimentos.
A exposição Sentidos do Nascer tem o objetivo de sensibilizar os visitantes e mudar a percepção sobre o nascimento. Através de uma proposta que conjuga arte, ciência e tecnologia, o projeto incentiva a valorização do parto normal e a redução da cesariana desnecessária. A exposição itinerante viaja pelo Brasil desde 2015.
A curadoria e coordenação geral é da pediatra Sônia Lansky e do professor da Faculdade de Educação da UFMG Bernardo Jefferson de Oliveira. Neste Ondas da Ciência, confira entrevista com o professor da UFMG!
Percurso do parto
Na exposição, o visitante passa primeiro por uma lojinha que brinca com a ideia de um mercado de parto. É um momento de crítica ao discurso sobre benefícios da cesariana e que negativiza o parto normal. Em seguida, um conjunto de vídeos apresenta diálogos que articulam as tensões que existem entre médicos, enfermeiras, homens e mulheres, com diferentes pontos de vista sobre o nascimento. O visitante vive ainda a experiência do útero e pode assistir vídeos de partos reais.
Necessária e responsável por salvar vidas, a cesariana não é considerada a vilã, mas a exposição se posiciona contra os excessos da cirurgia. São apresentados ao público os riscos associados a uma cesárea. Para a mãe, seriam infecções, hematomas, hérnias, hemorragias e acidentes anestésicos, entre outros. Para o bebê, cortes acidentais, problemas respiratórios e mais dificuldades na amamentação.
O percurso também discute percepções sobre o parto normal sustentadas pelo senso comum e trata de práticas inadequadas de violência obstétrica. A exposição integra o projeto Sentidos do Nascer, que estuda o impacto de algumas ações na mudança de percepção sobre o parto. O projeto de pesquisa é financiado por CNPq, Ministério da Saúde e Fundação Bill & Mellinda Gates.