Aliado no tratamento da doença de Alzheimer

O cerrado tem a segunda maior cobertura vegetal do Brasil. Como uma rica biodiversidade, conta com cerca de 7 mil espécies de plantas. Uma das frutas que cresce no bioma é o araticum. Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) mostra que compostos presentes na casca do fruto podem ser usados no tratamento da doença de Alzheimer.

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Usos do araticum

Muito comum no norte de Minas Gerais, o araticum faz parte da culinária local. A polpa é usada no preparo de doces, compotas, geleias e sorvetes. As folhas do Araticum também estão presentes na cultura regional.

“A população faz uso do chá das folhas no tratamento de infecções, de feridas, contra diarreia e no combate a piolhos, entre outros”, conta Marília Fontes Barbosa, doutoranda do Instituto de Química da UFU.

Sua pesquisa, orientada pelo professor Marcos Pivatto, olha para uma parte pouco aproveitada e pouco estudada do araticum. Ainda em desenvolvimento, o estudo já mostra que a casca desse fruto contém compostos importantes, que podem ser utilizados no tratamento da doença de Alzheimer.

Potenciais contra a doença de Alzheimer

Na literatura, já existem relatos de que o araticum tem atividades relacionadas ao tratamento do Alzheimer. “Só que não apresenta qual classe de compostos é responsável por essa atividade”, diz a pesquisadora.

A partir de um estudo químico, observou-se que a espécie possui várias classes de compostos, dentre os quais estão os alcaloides aporfínicos. São substâncias que já apresentaram resultados promissores sobre uma enzima chave no tratamento da doença de Alzheimer. 

No nosso cérebro, a acetilcolina é um neurotransmissor importante para a passagem dos impulsos nervosos. “Uma das hipóteses sobre o que causa a doença de Alzheimer diz que a enzima acetilcolinesterase faz a quebra desse neurotransmissor. E a redução dos níveis da acetilcolina tem reflexos na deficiência da memória”, explica Barbosa.

A inibição da ação dessa enzima poderia reduzir a degradação da acetilcolina. “O que permitiria uma atuação prolongada do neurotransmissor na passagem dos impulsos nervosos, fazendo a comunicação entre os neurônios”, completa a pesquisadora. Assim, o papel dos alcaloides aporfínicos é inibir a quebra desse neurotransmissor, tão importante para a memória.

Próximas etapas

Apesar do potencial apresentado pela pesquisa, esses compostos ainda não podem ser usados no tratamento dos pacientes, e nem são recomendados para uso popular. Um próximo passo do estudo é determinar a toxicidade das substâncias presentes na casca do araticum.

“Nesse trabalho, foi verificado que os compostos que eu consegui isolar apresentaram atividade in vitro sobre a enzima, o que se mostrou um resultado bastante promissor. Mas não adianta isolar um composto, ele ser muito ativo em alguma patologia, mas ser tóxico”, lembra Barbosa.

Caso se comprove que não são tóxicas, a substâncias passariam então por testes em animais e posteriormente em humanos. “O processo de pesquisa desses compostos é longo. Devem ser seguidos protocolos e etapas até que eles cheguem de fato às prateleiras das farmácias”, diz a pesquisadora.

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