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Pesquisa avalia fisiologia corporal e saúde na Antártica

Foto: Flickr/Marinha do Brasil

Qual é o funcionamento do corpo humano em condições extremas? A pergunta norteia a pesquisa do estudante de mestrado Rúbio Sabino Bruzzi, do Programa de Pós-graduação em Ciências do Esporte da UFMG. Ele embarcou no mês de novembro para a Antártica, para realizar experimentos relacionados com o projeto Sobrevivendo no limite: a medicina polar e a antropologia da saúde na Antártica.

O projeto é conduzido pelo Lafise, Laboratório de Fisiologia do Exercício da UFMG. Os estudos investigam questões de saúde na Antártica. São usadas ferramentas da Antropologia da Saúde, da Fisiologia Humana e da Fisiologia do Exercício. O foco é na capacidade humana de aclimatação ao frio e nas respostas fisiológicas, principalmente as involuntárias.

Ondas da Ciência: mergulhadores em águas frias

O objetivo do projeto desenvolvido por Bruzzi é comparar as respostas psicobiológicas de mergulhadores da marinha brasileira, antes e após o mergulho em águas com diferentes temperaturas. Serão avaliadas as alterações nas temperaturas corporais, na frequência cardíaca, no estado de humor e no desempenho em tarefas que demandam o uso de funções executivas. Já foram feitas medições em outubro de 2018, após o mergulho em águas a 26 graus Celsius, no Rio de Janeiro. Esses valores serão comparados com dados coletados nos mergulhos em água com temperaturas próximas a 0 graus Celsius.

“O conhecimento dessas respostas é fundamental, visto que os mergulhadores fazem a verificação da integridade do casco dos navios da Marinha Brasileira e auxiliam as embarcações que partem, com os pesquisadores, destes navios para os acampamentos na Antártica. No entanto, pouco se sabe sobre os impactos destes mergulhos em águas frias sobre a saúde dos militares”, explica o professor Samuel Penna Wanner, coordenador do Lafise.

O mergulho em águas frias representa um risco para a regulação da temperatura corporal, existindo o risco aumentando de desenvolvimento de hipotermia. Os pesquisadores também trabalham com a hipótese de que o desempenho em tarefas que demandam planejamento e tomada de decisão fica reduzido após o mergulho em águas frias.

Confira entrevista com o professor Samuel Penna Wanner, no Ondas da Ciência!

Condições extremas e saúde na Antártica

As condições extremas na Antártica incluem:

  • temperaturas ambientes muito frias;
  • presença de ventos fortes: favorecem o resfriamento corporal;
  • alterações de luminosidade: dias extremamente longos no verão, mas extremamente curtos no inverno).

Há mais condições adversas que podem impactar a saúde dos militares e dos civis. Uma delas é a monotonia sensorial de olhar sempre para a mesma paisagem. Outra é o confinamento causado pela permanência dentro dos navios da marinha durante os períodos longos de viagens.

Os estudos em andamento auxiliam a compreensão da capacidade de adaptação do corpo humano a condições climáticas adversas, aumentando as possibilidades de sobrevivência. “Permitirão traçar estratégias que possibilitem maior conforto térmico aos expedicionários e que minimizem o risco de hipotermia, e até mesmo de morte”, afirma Samuel Penna Wanner.

Segundo o professor, outro aspecto importante é que, entre os ambientes encontrados no planeta Terra, os polos Sul e Norte servem como ambientes análogos àqueles encontrados no espaço para o estudo das adaptações humanas. Com a expectativa de viagens espaciais tripuladas à Marte, seres humanos serão expostos ao isolamento e confinamento prolongado, em condições de luminosidade alteradas. “Estes aspectos podem potencialmente causar reações adversas à saúde humana, incluído distúrbios de sono e prejuízos no desempenho físico e cognitivo. Logo, estes estudos na Antártica podem auxiliar na compreensão e na superação das dificuldades que serão observadas durante as viagens espaciais tripuladas”, explica Wanner.

Medi Antar: pesquisas brasileiras na Antártica

Há quatro anos, pesquisadores brasileiros embarcam em viagens para a Antártica, pelo projeto MediAntar. O grupo é coordenado pela professora Rosa Maria Esteves Arantes, do Departamento de Patologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. O Lafise, Laboratório de Fisiologia do Exercício da UFMG, é um dos centros que apoiam o projeto.

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