Por Luana Cruz e Luiza Lages
O que o sistema nervoso da gente faz? Ele é a interface entre o nosso corpo e o universo que nos cerca. Os neurônios, por sua vez, são as células tradutoras que processam os estímulos do ambiente e preparam as respostas. O sétimo episódio do podcast infantil Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas explica a função dos neurônios, esses trabalhadores incansáveis. A produção dá sequência a uma temporada com oito áudios que apresentam histórias sobre a vida de grandes nomes das Ciências, conceitos, teorias e acontecimentos científicos.
Leia o conto aqui e escute o podcast:
O meio onde a gente se insere é físico, químico e mecânico, por isso precisamos transformar tudo em informação ao ponto de compreender o que significa e elaborar respostas apropriadas. Quem explica essa lógica de sentidos e sensações é a professora Grace Schenatto Pereira Moraes, do Núcleo de Neurociências do Departamento de Fisiologia e Biofísica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que foi consultora científica para o episódio. Segundo ela, para cada modalidade sensorial temos um aparato específico, capaz de traduzir a informação do ambiente em linguagem neural.
“No caso da visão, a imagem é composta por luz. Um conjunto de fótons vai incidir sobre a nossa retina e lá a gente tem células que são capazes de traduzi-los em uma linguagem neural. O som é uma onda que vai incidir no nosso aparelho auditivo por meio do ouvido. O tímpano vibra e essa sequência de vibrações vai acionar um conjunto de células que são capazes de traduzir esse padrão de vibração em uma linguagem que os neurônios entendem. No tato, acontece por pressão na pele”, explica.
O olfato e a gustação são fenômenos químicos, conforme detalha Grace Schenatto. “Quando a gente inala, substâncias químicas e moléculas estão dissolvidas no ar e serão captadas por esses neurônios específicos que vão traduzir isso numa linguagem neural. Igualmente, quando a gente coloca comida na língua”.
Respondendo aos estímulos
Além de captar esse arsenal de informações do ambiente, também somos capazes de emitir respostas. “A saída do sistema nervoso é uma motora e autonômica”, afirma a professora. Afinal, o que isso quer dizer?
“Se estou andando e alguém me chama: Grace! Eu ouço o som que tem um sentido para mim, porque se tivesse chamado ‘Augusto’, eu não olharia. O significado que o som do meu nome tem já está gravado na minha memória, no meu cérebro. A resposta que eu vou ter em função disso é me virar para olhar em direção a quem chamou. É uma resposta motora, pois usei meus músculos. Tem áreas no cérebro que integram o sensorial com o motor”.
A professora explica que essa região acessório-motora faz o meio de campo entre o estímulo e a resposta, que nesse caso é voluntária. Há outras respostas que são autonômicas, mais relacionadas ao estímulo emocional e que ocorrem involuntariamente. “Se estou andando e alguém para na minha frente, me dá um susto. A minha resposta a esse estímulo sensorial não vai ser, necessariamente, sair correndo. Mas, meu coração vai acelerar, a pupila dilatar e vou suar”, diz.
Neurônios, os tradutores
Para que todas as entradas do ambiente sejam traduzidas e processadas, há um conjunto de diferentes neurônios trabalhando. “Temos muitas especialidades. O neurônio que é capaz de captar um fóton, não vai ser capaz de captar o som e nem de fazer uma integração sensório-motora”, detalha Grace Schenatto.
Vários grupos de neurônios estão em atividade ao mesmo tempo para que possamos respirar, ouvir, engolir, enxergar, etc. A complexidade dessa atividade neural aumenta quando pensamos no aspecto cognitivo do nosso cérebro. Por que um determinado estímulo pode ser uma situação muito prazerosa para uns e um horror para outros?
A professora explica que, provavelmente, a experiência como todo está relacionada ao histórico de vida de cada um por meio de memórias reunidas. Ademais, as sensações vividas podem mudar, como nossa opinião sobre um restaurante, por exemplo. “O cérebro é flexível e maleável, o que a gente chama de plasticidade. A plasticidade é maior em crianças e adolescentes. Na idade adulta, a flexibilidade diminui um pouco, mas em compensação, a capacidade que eu tenho de distinguir certo e errado aumenta, além da capacidade de nos colocarmos no lugar do outro”.
Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas
Este texto é um conteúdo de apoio ao sétimo episódio do podcast infantil Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas. O objetivo desta postagem é explorar os conceitos científicos, dando suporte a pais, responsáveis e professores. Assim, fica mais fácil ouvir o episódio com a criançada.
Episódios anteriores:
1 – Uma batalha interna, no Mundo de Rafa
3 – Vida de libélula
4 – Um conto sobre o crescimento da população