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Imagem ilustrativa. Foto: agricultura.sp/ Flickr

O Brasil é o maior exportador e produtor de carne bovina no mundo e, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a atividade econômica gera um rendimento de R$ 6 bilhões, além de representar cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB). Assim, produtores se preocupam muito com a saúde dos animais e contam com a ciência na tarefa de combater parasitas e doenças.

Pesquisadores da Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Lavras (UFLA) dedicam os estudos ao controle de carrapato-do-boi, Rhipicephalus microplus (Boophilus), que transmite doenças aos bovinos, causa menor produção de carne, leite, danos ao couro, além de custos com medicamentos e serviços veterinários.

[quote align=’right’]O acetilcarvacrol é um composto semissintético que apresenta um perfil farmacológico melhor que o carvacrol e com menos efeitos tóxicos. Por esse motivo sugere-se que menores quantidades deste produto devam ser aplicadas nos animais hospedeiros, já que o composto apresenta atividade possivelmente mais eficaz. Diante disto, o custo da aplicação também seria reduzido, além de proporcionar menor toxicidade ao meio ambiente e ao hospedeiro.[/quote]

Um trabalho em especial utiliza extrato puro de carvacrol, presente em óleos essenciais das plantas para matar os parasitasO projeto é realizado pela pesquisadora Raquel Romano, sob orientação dos professores Ana Paula Peconick (Departamento de Medicina Veterinária) e Rafael Neodini Remedio (Departamento de Ciências da Saúde), além da colaboração do professor Sérgio Scherrer Thomasi (Departamento da Química).

De acordo com Raquel Romano, o carvacrol, encontrado em diversas plantas como no orégano, pode ser alterado em laboratório para potencializar a atividade acaricida. “Transformamos o carvacrol numa molécula mais potente chamada acetilcarvacrol”, explica.

De acordo com Raquel Romano, o carvacrol já apresenta diversos efeitos descritos na literatura como, por exemplo, atividade antitumoral, antimicrobiana e até mesmo atividade antidepressiva em camundongos. E já existem estudos demonstrando ação acaricida no carrapato do boi: “Usamos as ações acaricidas já conhecidas e aperfeiçoamos a molécula para potencializar essa ação”.

A pesquisa se divide em duas etapas, sendo a primeira dedicada a entender a concentração de acetilcarvacrol necessária para matar carrapatos em bovinos. Na segunda etapa, a pesquisadora testará se o acetilcarvacrol reduz a taxa reprodutiva do carrapato-do-boi, verificando a eficiência dele também para diminuir crescimento da espécie.

Imagem de carrapato morto após contato com produto. Foto: Arquivo da pesquisadora

Caminhos da pesquisa

Desenvolver uma investigação como esta não é tarefa simples. A pesquisadora conta que passa horas coletando carrapatos em bois criados em fazendas da região de LavrasEsses bovinos não podem ter passado por aplicação de acaricida por pelo menos 30 dias.

Os parasitas recolhidos são colocados em contato com o acetilcarvacrol e os resultados têm sido satisfatórios. Alguns carrapatos ficaram até ressecados, como aspecto de uma pedra. “Este é o trabalho do meu mestrado, mas no projeto de doutorado, quero encapsular a substância. Os testes são realizados in vitro, mas queremos dar continuidade a pesquisa, e futuramente realizar testes in vivo”, afirma Raquel Romano.

Vantagens

O uso de um óleo essencial como carrapaticida é uma alternativa mais barata e menos agressiva ao meio ambiente. “A concentração de óleo que mata o carrapato-do-boi é baixa. Isso ajuda a reduzir o custo. A infestação de carrapato é comum em nosso país e gera perdas econômicas. Os óleos essenciais das plantas em geral têm outros tipos de ação biológica, como por exemplo, efeitos fungicidas e bactericidas, entre outros.”, explica.

[quote align=’left’]Parte desses produtos aplicados em bovinos são considerados agrotóxicos. O uso intensivo desses compostos gera centenas de galões de resíduos que, constantemente, são descartados de forma indiscriminada, ocasionando contaminação de solos e água.  [/quote]

Em contrapartida, a medicação aplicada atualmente em bovinos contaminam o meio ambiente, além de obrigada o produto a manter um período de carência para coletar leite e abater animais para uso da carne. “Muitos não respeitam este tempo  e não há muito controle desses produtos chegando ao consumo humano”, aponta.

Além das pesquisas com parasitas do boi, há cientistas na UFLA estudando ações acaricidas de óleos essenciais para outras espécies, como carrapato de cachorro.

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação.

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