Você já ouviu falar de mudanças climáticas? Esse processo natural, muito falado pelos adultos, está conectado com a grande quantidade de CO2 no ar, o tal efeito estufa que também é um fenômeno natural, responsável por deixar a Terra quentinha.
Essas mudanças estão acontecendo mais rápidas agora do que no tempo dos nossos vovôs e estão preocupando pesquisadores de todo o mundo, uma vez que acabam prejudicando os animais, o ar, o clima etc. Mas você já parou para pensar em como elas afetam as plantinhas?
Segundo o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), campus Florestal, João Paulo de Souza, se considerarmos apenas que há mais CO2 na atmosfera (no ar), isso é uma maravilha para as plantas.
Acontece que esse gás é a ‘comidinha’ dela. “A planta pega o CO2, pela sua folha, e o transforma em carboidrato, ou seja, ‘açúcar’”, conta o professor.
Mas se tem tanta comida, o que vai acontecer com a plantinha? Crescer, e muito.
João Paulo conta que as folhas das plantas ficam maiores e mais grossas, elas ganham mais biomassa e até o caule fica maior e mais grosso. O que é muito bom para ela, pois assim, consegue absorver mais luz.
Ela vai chegar ao céu, que nem na história do João e o pé de feijão? Não!
Assim como você, depois de comer muito a planta fica ‘cheia’. Ou seja, o CO2 continua em grande quantidade no ar, mas ela pensa: “já tenho muito carboidrato, já deu”. Com isso, ela começa a não responder mais a esse gás e não cresce.
A falta de água também pode fazer a planta parar de se desenvolver. Acontece que o aumento do CO2 no ar torna o clima mais quente e pode diminuir a quantidade de chuvas. “Elas precisam de água. Dessa forma, se juntarmos todos os efeitos das mudanças climáticas, as plantas param de responder de forma positiva”, conta.
Porém, todas essas mudanças vão acontecer em vários tipos de plantas. Segundo Souza, as espécies generalistas têm facilidade para se ajustar às mudanças, com isso podem ser mais beneficiar. “Se você coloca essa planta em solo com muita ou pouca água, no sol ou na sombra ela sempre cresce bem”, informa.
Já as plantas especialistas, não se saem tão bem, uma vez que crescem só em um ambiente e com condições especiais.
O professor informa que outro problema é que as espécies generalistas, por se darem tão bem com as mudanças, podem invadir os locais próprios das especialistas “causando, assim, uma homogeneização da biota”. Ou seja, a espécie mais adaptada toma o lugar da outra que, por sua vez, não nasce mais.
Qual o problema disso, não é tudo planta? Além de diminuir com a variedade das espécies, as especialistas têm funções ecológicas importantes, como a polinização (já falamos disso aqui), que, se perdidas, causam prejuízos para o meio ambiente.
Com isso, perde não só a natureza, mas as plantações próximas, já que elas precisam dos polinizadores para dar frutos.
“O importante, quando pensamos em mudanças climáticas, é entender que nós fazemos parte do meio ambiente, não acima, mas no meio disso tudo”, informa o professor.
O que será que a pesquisa está fazendo para ajudar as plantinhas? Lá em Florestal, uma cidadezinha mineira que fica bem perto de Belo Horizonte, Minas Gerais, os pesquisadores estão estudando todos esses impactos das mudanças nas plantas.
Segundo Souza, o objetivo é utilizar as plantas como um modelo para enxergar as reais mudanças e, a partir disso, propor medidas para ajudar a diminuí-las.
O professor e seus companheiros estão estudando, há nove anos, essa relação planta e clima. Agora, pretendem dar um passo além: estudar as mudanças nas plantas em áreas urbanas, em cidades mineiras como BH e Betim.
A ideia é usar as plantas para ajudar a entender os impactos do CO2 nos centros urbanos, locais onde a sua presença é alta.
O pesquisador conta que o CO2 não é nenhum vilão, e tem papel importante na natureza, mas os excessos de emissão do gás são perigosos. João Paulo alerta, ainda, que para diminuir mesmo os efeitos desse gás é preciso ter um esforço grande de todos.
“Todos nós precisamos mudar como utilizamos os recursos naturais, diminuir o desmatamento, utilizar novas formas de energia, como a eólica e a solar, para diminuir a emissão de gases do efeito estufa”, conta Souza.
As mudanças climáticas são um processo importante e natural do nosso planeta. Elas acontecem há muito tempo, antes mesmo dos dinossauros, e podem ser causadas por vários motivos.
Foram elas que ajudaram a construir o nosso planeta, às vezes deixando-o muito frio, as chamadas eras Glaciais também conhecida como ‘Era do Gelo’. Assim, como mais quente, o período Interglacial, que é o que estamos vivendo.
Até aí tudo bem, mas você sabe por que muito adultos se preocupam com elas? Acontece que se essas mudanças ocorrerem como sempre, elas levam muito tempo para realmente acontecer, então, normalmente há muito tempo para se acostumar.
Porém, com as nossas ações, como a queima de combustíveis fósseis e grande desmatamento, estamos acelerando, colocando um verdadeiro turbo, nessas mudanças climáticas. Com isso, os organismos, plantas e os animais, inclusive a gente, não conseguirão se ajustar.
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