Pare e pense sobre todos os animais que participam da sua rotina…
Talvez você tenha um animal de estimação: um cachorro, um gato, um peixinho, certo?
Mas e fora de casa, como é sua relação com os animais?
Bem, não podemos o ignorar o fato que eles também estão na nossa mesa de refeições, naquele franguinho delicioso que sua avó faz e na carne do almoço de domingo.
E os insetos? Sim, eles também estão entre nós!
Desde as lindas e coloridas borboletas até as asquerosas baratas, passando pelo temido Aedes aegypti, o mundo animal está presente no nosso dia a dia e demanda dos seres humanos ações e reações em relação a suas vidas.
- Mas como essas relações entre humanos e animais se estabeleceram?
- Por que a gente come alguns, enquanto cuida de outros como se fossem da família?
- Por que alguns bichos se tornam pragas enquanto outros acabaram extintos ao longo da História?
É sobre isso e muito mais que a professora Regina Horta Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolve suas pesquisas em História dos Animais.
A História dos Animais
Com experiências em estudos sobre história e natureza, história da biologia e história dos animais, a professora Regina pesquisa, atualmente, os zoológicos na América Latina no século XX.
Durante uma conferência na Escola de História da Ciência da UFMG, ela contou que as relações entre a humanidade e os animais sofreram alterações ao longo da História, com mudanças no convívio e no cuidado que oferecemos aos bichos.
Durante o período de Colonização das Américas e ocupação de territórios africanos pelos europeus, por exemplo, houve uma intensa movimentação de animais não nativos chegando a novos locais.
Imagine como não deve ter sido uma surpresa para cidadãos do interior da Europa ver um elefante pela primeira vez, em uma época em que não existia comunicação ágil e instantânea como temos hoje, com a internet.
Também as guerras foram momentos que alteraram as relações entre homens e animais, já que os bichos trabalharam involuntariamente no front, em diversas ocasiões.
Os conflitos ao longa da história fizeram uso de cavalos, cachorros e pombos-correio, dentre outros, na linha de frente de batalhas, ou em socorro de soldados feridos.
Entram nesses estudos as relações dos humanos com os animais como comida também.
A professora Regina nos lembra que, antigamente, as pessoas matavam um porco para comê-lo inteiro, dividindo as partes entre a família ou vizinhos.
Hoje, estamos tão acostumados a comprar apenas pedaços de carne no supermercado e em açougues que a gente até esquece que aquele bife veio de um animal:
“É o que chamamos de paradoxo da sensibilidade seletiva: amamos nossos cachorros, mas comemos carne de boi, frango, peixe e porco. Mas a história ajuda a entender que sempre houve parâmetros diferentes nas nossas relações com os animais”.
Relações entre sociedade e natureza
Uma referência para os estudos sobre a relação entre os homens e os animais é o livro de Keith Thomas:
“O homem e o mundo natural – Mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800)”.
O autor foi um pioneiro nos estudos dos animais como objetos de pesquisa histórica, embora muitos outros pensadores e estudiosos também tenham contribuído para as pesquisas da área.
Leia um trecho do livro aqui.
A professora Regina destaca que esses estudos são muito importantes para que os seres humanos tenham consciência do papel que ocupam no mundo.
Conhecer a história dos animais é saber que a natureza não gira ao nosso redor e nem está aí para nosso uso desenfreado e irresponsável.
“O homem é parte, não é o único ser decisivo no sistema. Animais demandam respostas humanas, não são agentes passivos, embora não sejam conscientes, nem tenham subjetividade em seus atos” – Regina Horta.
Divulgação científica
Para tratar desse assunto com públicos não-acadêmicos, a professora Regina tem um programa de rádio e um canal no YouTube em que aborda temas diversos relacionados às relações entre história, meio ambiente, homens e natureza.
Ficou interessado?
Conheça outros vídeos do canal do YouTube As 4 Estações, dedicado à divulgação da História Ambiental: www.youtube.com/c/AsQuatroEstações.
Nenhum comentário