O projeto “Empoderamento de alunos negros para o mercado de trabalho“, desenvolvido por estudantes da Escola Estadual Professor Zoroastro Vianna Passos, de Sabará, MG foi pensado a partir de uma observação, seguida de reflexão na escola, sobre os motivos de os negros não ocuparem muitos cargos altos em empresas e instituições públicas.
Sob a supervisão do professor Helder Júnio, o projeto envolveu treze estudantes do 3º ano do ensino médio com o objetivo de compreender o que faz o estudante negro ter mais dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, bem como pensar soluções para este problema.
Durante a 19ª edição do UFMG, nós conversamos com três estudantes participantes do projeto: Ludmila dos Santos Dutério, que pensa em se formar em Medicina para ser cardiologista, Laura Honorato, que quer fazer graduação em Tecnologia da Informação, e Ynara Cristina Félix, que está em dúvida entre Jornalismo e Pedagogia.
Questionário identificou dúvidas e receios dos estudantes negros
Sensibilizadas diante de dados que indicam que poucos negros ocupam cargos de chefia na vida profissional, as estudantes decidiram se mobilizar. Criaram um questionário e distribuíram na escola para identificar como poderiam ajudar os estudantes negros a desenvolverem todo seu potencial, do ponto de vista pessoa e profissional.
“A gente começou a pesquisar sobre isso na escola, fizemos um questionário e notamos, pelas respostas, que a maioria dos estudantes negros não se consideravam negros. Muita gente também não queria fazer ensino superior e não tinham muita perspectiva de vida, pensavam só em trabalhar em cargos mais baixos”, conta Ludmila.
As estudantes dizem que, embora sejam muito incentivas pelos professores da escola, pelos pais e familiares a fazerem faculdade, poucas pessoas têm paciência ou preocupação em apontar um caminho. “A gente às vezes nem sabe que pode entrar aqui na UFMG. A gente entra aqui e pensa: ‘quero fazer parte disso aqui’. Conhecer a estrutura muda o pensamento da gente. Mas a gente nem sempre sabe como fazer”, conta Laura.
Na escola, o grupo mobilizou os estudantes em rodas de conversa, que chegaram a reunir mais de 40 pessoas, para, de acordo com Ludmila, “falar sobre como funciona o Enem, como funciona uma universidade federal, como fazer vestibular para faculdades particulares, como funcionam as cotas, o SiSU, o Prouni…”.
Segundo ela, esses bate-papos ajudaram a dar um norte aos alunos.
Além disso, as estudantes se mobilizaram com os colegas para fazer visitas aos campus das Universidades.
“Fomos à PUC e à UFMG e isso foi bom pra gente se sentir pertencente aqui, só falta agora a gente passar no Enem!”, conta Laura.
Visita do Rei de Ifé, da Nigéria
O projeto desenvolvido pelas estudantes chamou a atenção de Oba Adeyeye Enitan Ogunwusi, rei de Ifé, cidade nigeriana sagrada para o povo Iorubá e considerada um dos berços da civilização africana.
Em visita a Sabará, ele foi até a Escola e conheceu os alunos e o professor coordenador.
Sobre o UFMG Jovem
O evento é promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desde 1999, com a participação de escolas públicas e privadas do Estado.
O tema de 2018 foi Ciência, tecnologia e matemática para o bem comum.
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