Muito antes de se imaginar cientista, a física Zélia Ludwig, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), fez os primeiros ensaios ainda na infância. O principal incentivador foi o pai, torneiro mecânico.
“A oficina se parece muito com um laboratório. Dentro dela, você pode criar peças, deixar seu imaginário fluir”, compara. Ela lembra que o pai apenas retocou sua casinha de brinquedo. “Eu brincava de casinha, mas a construí. Ele só fez o telhado e colocou a porta”, conta.
Até então a pessoa mais instruída da família, o pai, formado em nível técnico, fez de tudo para que as duas filhas continuassem os estudos. “Meu pai nos dava várias enciclopédias, como Ciência Ilustrada e Tecnirama“, cita. Zélia conta que ele entendia de eletrônica e se interessava muito por rádios e carros. Quando as crianças perguntavam alguma coisa, ele respondia e sempre tinha algum tempo para mostrar como as coisas funcionavam.
A oficina se parece muito com um laboratório. Dentro dela, você pode criar peças, deixar seu imaginário fluir.
Assim, nascia o gosto pela ciência, antes mesmo de saber exatamente do que se tratava. Naquela época, Zélia já pensava em ser professora. O pai também pintou um quadro, com tinta própria para lousa. “Eu adorava colocar as crianças sentadas, em roda, e ensinar”, conta.
Ciência contra a desigualdade
Atualmente, a docente da UFJF é entusiasta de diversos projetos de divulgação científica para o público infantil. O primeiro deles, Para meninas negras na ciência, foi ampliado. “Dentro de uma comunidade, não dá atender só às meninas. E os meninos negros, como ficam?”, pondera.
O mote do programa passou a ser Ciência sem fronteiras para redução das desigualdades, uma das iniciativas em que está envolvida. “Durante muito tempo, a ciência ampliou as desigualdades. Está na hora de ser usada como ferramenta para reduzi-las”, propõe.
Mulher faz ciência
Zélia Ludwig está entre as personagens do terceiro volume do e-book Mulher faz ciência, com lançamento previsto em fevereiro de 2021. Em cada edição, a publicação apresenta perfis de dez cientistas brasileiras, de diferentes áreas do conhecimento. O objetivo é despertar o interesse de meninas e jovens mulheres para carreira científica.