Em tempos de pandemia não são poucos os casos de empresas que se disponibilizam a realizar trabalhos no combate ao coronavírus, mesmo se saírem do seu escopo oficial de trabalho. É o caso da Newton e do Minas Tênis Clube que se uniram para fabricar e doar escudos faciais (face shields) feitos em impressoras 3D e cortados a laser para hospitais de Belo Horizonte. Ao todo, já foram disponibilizados cerca de 100 escudos – fabricados no Fab Lab da Newton – para o Hospital da Baleia, Hospital das Clínicas e Sofia Feldman. Por dia, são produzidos cerca de 20 escudos.
A ideia surgiu como inspiração do projeto que outros makers no mundo estavam desenvolvendo para enfrentar a pandemia em seus países. Assim, um dos primeiros projetos focados pela comunidade foi o desenvolvimento de protetores faciais, pois a demanda por Equipamentos de Proteção Individual (EPI) era muito grande e em outros países já se encontrava a dificuldade de fornecimento desses equipamentos para os profissionais da saúde.
Com isso, de acordo com Leonardo Fernandes, responsável pelo setor de Pesquisa, Extensão e Inovação da Newton, quando a pandemia começou a crescer no Brasil, não foi uma realidade diferente. A partir daí, como dentro de espaços do Fab Lab se encontra uma diversidade de ferramentas para desenvolvimento de todo tipo de projeto, rapidamente se conseguiu produzir os primeiros modelos. “Também foi possível coletar feedback dos hospitais para refinar a solução. O nosso time conta com instrutores técnicos, alunos e voluntários que são de diversas áreas: engenharia, arquitetura e saúde”, afirma Leonardo.
Demanda
Leonardo explica que os hospitais são escolhidos a partir da demanda apresentada pelos protetores via e-mail. A direção dos hospitais interessados em receber os escudos formaliza os pedidos, informando a quantidade de escudos, cidade, nome do solicitante e o cargo, para avaliação. “O foco das doações são hospitais públicos e estamos em contato com a equipe do projeto Trem Maker Contra o Covid, que possui já levantada a demanda por protetores nos hospitais de Belo Horizonte.
A coordenadora do Fab Lab Newton, Carla Carla Werkhaizer, reforça que o processo de produção, além de atender todas as determinações da ANVISA e ser validado pelos profissionais de saúde, prima também pela segurança de quem produz. “A equipe de produção, atualmente, é composta por quatro pessoas, dois mentores do Fab Lab, um voluntário que foi nosso aluno no curso de Arquitetura e Urbanismo, e eu, como fab manager. A equipe se alterna para termos, no máximo, três pessoas por turno”, conta.
Além da produção contínua dos escudos faciais, o Fab Lab Newton participa também da produção para o Trem Maker, realizando o corte diário de 350 viseiras. O material é repassado para o projeto, que entrega, em média, 300 protetores por dia para mais de 15 hospitais localizados em Belo Horizonte e região metropolitana.“Damos suporte tanto na produção quanto na mentoria técnica dos face shields para a comunidade Trem Maker. Nós criamos um tutorial online para que todos os voluntários possam produzir de casa”, afirma Carla.
Ajuda mais que bem-vinda
A gestora e integrante da linha de Políticas Institucionais do Hospital Sofia Feldman, Tatiana Coelho Lopes, comemora a iniciativa. “A Newton sempre foi parceria do Hospital Sofia Feldman, auxiliando, nos últimos anos, em ações como as constantes campanhas de doações de fraldas. Os equipamentos chegaram em um importante momento, já que estão sendo utilizados para auxiliar na proteção dos profissionais do hospital, envolvidos na pandemia. Mais uma vez, contar com a parceria da Newton é incluir a comunidade acadêmica na melhoria de um cuidado para usuários e trabalhadores em uma instituição 100% SUS que assiste a cerca de 900 partos/mês”, frisa a médica.
Já o Minas Tênis Clube, um dos clubes recreativos mais tradicionais do Estado, por meio do Programa Minas Tênis Clube Solidário, auxilia no levantamento de recursos financeiros e de possíveis parceiros para intensificar a produção. Os hospitais interessados devem enviar um e-mail para .