Nas prateleiras dos supermercados, encontramos diversos tipos de arroz: branco, integral, vermelho. Conhecido no mundo todo, o arroz é um dos alimentos mais consumidos no planeta. No Brasil não é diferente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), foram produzidos mais de 10 milhões de toneladas na última safra em agosto de 2019.
Formado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Moisés de Souza Reis, coordenou uma pesquisa para o Desenvolvimento de Cultivares de Arroz em Terras Altas. Com objetivo de desenvolver cultivares mais produtivos, de melhor qualidade, resistentes a doenças e a queda precoce dos grãos, o projeto teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), da Universidade Federal de Lavras (Ufla), e da Embrapa Arroz e Feijão.
Do campo para o produtor
O arroz de terras altas é cultivado em áreas favorecidas pelo regime de chuvas e, em outras situações, sob o sistema de irrigação por aspersão. Por se tratar de um Estado montanhoso, a pesquisa é interessante, economicamente, para Minas Gerais. “A pesquisa pode garantir uma fonte de subsistência para o pequeno agricultor e para agricultura familiar”, afirma Moisés.
O projeto passou por diversas etapas, que incluíram desde a extração de linhagens consideradas avançadas até o cultivo e observação do desempenho das plantas em plantações experimentais nas cidades de Lambari, Lavras, Patos de Minas e Piumhi.
Além dos experimentos, foram feitas multiplicações de sementes de linhagens promissoras e produção de sementes genéticas e pré-básicas das cultivares em uso no Estado de Minas Gerais. “Foram realizados experimentos de campo, nos quais se avalia várias características, principalmente produtividade de grãos e análises de laboratório de sua qualidade”, explicou o pesquisador.
Resultados
O projeto é dinâmico e contínuo, sendo desenvolvido há 40 anos. Segundo Moisés, durante esse período, foram lançadas 13 cultivares para o ecossistema terras altas. Entre 2004 e 2012, foram quatro cultivares: Curinga (2004), Caravera e Relâmpago (2007) e a Caçula, lançada em 2012. “Essas quatro cultivares são muito produtivas, moderamente resistentes às principais doenças que atacam o arroz e possuem grãos de ótima qualidade industrial e culinária”, diz. Elas são as variedades mais plantadas em condições de terras altas de Minas Gerais. Os quatro cultivares de terras altas já estão disponíveis para os produtores mineiros. Agora, o projeto visa a melhoria em dois tipos do grão, o arroz branco e o longo fino (agulhinha). Em 2019, ensaios apontaram linhagens promissoras, que serão testadas durante três anos para, então, ser lançada como novo cultivar.