O Registo da Memória do Mundo é um projeto da UNESCO iniciado em 1992, com o objetivo de identificar e preservar documentos e arquivos de grande valor histórico.

A memória do mundo é a memória coletiva e documentada dos povos do mundo, ou seja, seu patrimônio documental, que representa boa parte do patrimônio cultural mundial.

Ela traça a evolução do pensamento, dos descobrimentos e das realizações da sociedade humana. É o legado do passado para a comunidade mundial presente e futura.

Em 2017, a Memória do Mundo contava com 427 documentos, de todos os continentes, tendo vários materiais de pedra, celuloide, pergaminho e gravações sonoras.

Entre os documentos preservados com apoio do programa encontram-se a Bíblia de Gutenberg e a partitura original da 9ª sinfonia de Beethoven, ambos em arquivos alemães.

O primeiro documento em língua portuguesa incluído no Registo da Memória do Mundo foi a Carta de Pêro Vaz de Caminha. Mas também temos importantes documentos brasileiros lá!

Acervos brasileiros

Na lista do patrimônio documental submetido pelo Brasil e inscrito no Registro da Memória do Mundo encontram-se nove grupos de documentos de importante valor histórico e cultural.

Selecionamos abaixo cinco destaques para você conhecer:

Acervo do compositor Antônio Carlos Gomes (Brasil / Itália)

Patrimônio documental submetido pelo Brasil e pela Itália, recomendado para inclusão no Registro da Memória do Mundo em 2017.

Reúne documentos produzidos pelo compositor que criou obras musicais, principalmente no campo da ópera. A première mundial de sua terceira ópera – O Guarani – foi realizada no Teatro alla Scala, em Milão, em 18 de março de 1870.

O acervo é fonte de estudo da música da segunda metade do século XIX.

Coleção do educador Paulo Freire

Paulo Freire em foto de Slobodan Dimitrov - Wikimedia.

Paulo Freire em foto de Slobodan Dimitrov – Wikimedia.

Patrimônio documental submetido pelo Brasil e recomendado para inclusão no Registro da Memória do Mundo em 2017.

Paulo Freire foi um educador brasileiro cujas ideias originaram-se de experiências, no Nordeste do Brasil, como professor e ativista social.

Seus pensamentos influenciaram diversas áreas do conhecimento e introduziram o conceito de educação popular por todo o mundo.

Ele concebeu uma metodologia de alfabetização de adultos e foi nomeado patrono da educação brasileira pela Lei nº 12.612 de 13 abril de 2012.

Ana Maria Araujo Freire e o Instituto Paulo Freire mantêm esses documentos em custódia.

É uma vasta coleção relevante para a educação popular, bem como para as áreas de alfabetização de jovens e adultos, movimentos sociais, educação em política e ecopedagogia.

Arquivo pessoal de Nise da Silveira

Foto de Nise da Silveira / Acervo Arquivo Nacional

Foto de Nise da Silveira / Acervo Arquivo Nacional

Patrimônio documental submetido pelo Brasil e recomendado para inclusão no Registro da Memória do Mundo em 2017.

O arquivo pessoal de Nise da Silveira é uma coleção de documentos de aproximadamente 8 mil itens, incluindo documentos textuais, iconográficos, bibliográficos e de mídia produzidos e reunidos ao longo das atividades psiquiátricas profissionais e pessoais de Nise.

Ela exerceu a maior parte de sua atividade profissional no Centro Psiquiátrico Nacional, onde fundou o Setor de Terapia Ocupacional, que, em 1952, fez surgir o Museu de Imagens do Inconsciente, maior museu desse tipo do mundo.

Ela introduziu a terapia ocupacional e as atividades de expressão artística no tratamento de distúrbios psiquiátricos, e tornou-se pioneira no Brasil no uso de animais em terapia. Nise da Silveira correspondeu-se com o psiquiatra suíço, Carl G. Jung, e foi a responsável pela introdução da psicologia junguiana no Brasil.

Ela também criou a Casa das Palmeiras, uma clínica de reabilitação, em regime ambulatorial, para pacientes dispensados de instituições psiquiátricas, o primeiro desse tipo no Brasil.

Arquivo arquitetônico de Oscar Niemeyer

Igrejinha de São Francisco, em BH. Foto de thombo2 via Flickr 2.0

Igrejinha de São Francisco, em BH. Foto de thombo2 via Flickr 2.0

Patrimônio documental submetido pelo Brasil e recomendado para inclusão no Registro da Memória do Mundo em 2013.

A coleção consiste de 8.927 documentos, com esboços, álbuns arquitetônicos e plantas de desenhos técnicos, que formam um registro valioso do trabalho de um artista que marcou a arquitetura internacional do século XX.

Além de fontes primárias, muitos desses documentos são verdadeiras obras de arte. Os esboços e os álbuns são documentos originais, raros e quase totalmente únicos.

Eles não apenas apresentam traços de curvas livres e poéticas que marcam o trabalho de Niemeyer, mas também revelam o método de trabalho do arquiteto.

O acesso à coleção é via Fundação Oscar Niemeyer.

Documentos das viagens de D. Pedro II e coleção de fotografias

Retrato de D. Pedro II em 1876. Reprodução Museu Imperial

Retrato de D. Pedro II em 1876. Reprodução Museu Imperial

Patrimônio documental submetido pelo Brasil e recomendado para inclusão no Registro da Memória do Mundo em 2013, as viagens do Imperador D. Pedro II foram realizadas entre 1840 e 1913.

D. Pedro II fez várias viagens durante seus 49 anos de reinado, pelo Brasil e por quatro continentes, conhecendo novos territórios e outras culturas.

Os documentos são fontes primordiais escritas e recebidas por D. Pedro II, durante um período de profundas mudanças históricas que estão relacionadas a referenciais culturais de modernidade, da perspectiva de um observador privilegiado (o imperador do Brasil) e seus interlocutores, na maioria intelectuais.

Eles revelam aspectos do pensamento, das descobertas científicas, da diversidade cultural e das paixões políticas, bem com análises das relações diplomáticas entre o Brasil e países de diferentes continentes. O acervo  das viagens está no Museu Imperial de Petrópolis, RJ.

Já a coleção fotográfica, recomendada para inclusão em 2003, foi reunida por um único indivíduo ao logo de sua vida e encontra-se depositada na Biblioteca Nacional, onde é guardada com o máximo de esforço para preservá-la.

É a maior coleção de fotografias da América Latina: um retrato preciso do século XIX, refletindo costumes e desenvolvimentos intelectuais e industriais, em um período em que esses desenvolvimentos eram colocados juntos.

A coleção tem se mantido intacta por toda a sua existência. É a coleção de fotografias de Thereza Christina Maria: 21.742 fotos deixadas na Biblioteca Nacional do Brasil pelo Imperador Dom Pedro II em 1891. A coleção é compostas por fotografias de diferentes tipos e formatos.

Foram precisos cerca de 50 anos para se construir esta contribuição genuína ao estudo sobre os costumes e a vida do século XIX em várias partes do mundo.

No que se refere à história da fotografia, a coleção inclui trabalhos dos primeiros fotógrafos do mundo e, nesse sentido, sua originalidade não tem preço. A coleção encontra-se no acervo da Biblioteca Nacional e faz parte da história do povo brasileiro, refletindo as transformações ao longo do século XIX.

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Leia mais acervos no site do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo Unesco.