Vamos contar a nossa história com o tempo. Sobre como começamos a controlar o andar dos minutos, das horas, dos dias e dos anos.
O tempo do tic tac do relógio e do alarme de despertar. O tempo que dura o dia. Que a gente tem para terminar uma prova. Ou o tempo que dura um filme. O tempo que surgiu junto com tudo mais que existe. Porque, em todo o universo, só existem três coisas: energia (e toda a matéria que existe e que forma as estrelas, os planetas e você), espaço e tempo.
O tempo surgiu. O tempo passou e surgiu o nosso Sol. Surgiu a Terra. A vida. E finalmente os seres humanos. E a gente se encontrou, então, com este protagonista, que é o senhor de tudo!
Lá atrás, há muitos milhares de anos, não existiam sociedades. Como as pessoas se organizam hoje. Seres humanos caçavam, coletavam frutas e plantas para comer e viviam em abrigos naturais. Normalmente, em cavernas. Por isso aquele famoso nome: o homem das cavernas.
À noite, quando começava a escurecer, homens e mulheres precisavam procurar lugares mais quentes e mais seguros. Foi a primeira vez que o tempo viu os humanos se preocuparem com ele: eles precisavam saber quando o Sol ia começar a se pôr, porque era hora de encontrar abrigo. E, depois, quando tudo ficava iluminado, já era podiam sair por aí, para mais um dia. Eles entenderam o dia.
O que acontece é o seguinte: o dia depende do movimento da Terra em volta dela mesma. É uma volta completa, de luz, quando estamos virados para o Sol, e depois de escuridão, quando os raios solares não chegam até a gente, do outro lado do planeta.
Na época, aqueles humanos não sabiam desse movimento da Terra. Mas sabiam que o Sol nascia e desaparecia no céu. E depois aparecia de novo. E sumia mais uma vez.
O tempo caminhou mais pelo mundo. Enquanto isso, os seres humanos começaram a se organizar, a construir os próprios abrigos, a plantar e a colher os próprios alimentos. As atividades mudaram, ficaram mais complexas. E então precisaram entender e usar o tempo de outras formas.
Por exemplo, para saber que dá para colher um legume em uma época, temos que plantá-lo um tanto de tempo antes. E nesse momento de plantar, precisamos ter muita água disponível!
Ou seja, os humanos de muito tempo atrás, que dependiam das chuvas para as plantações, precisavam saber em qual época elas aconteciam. Para eles, o tempo deixou de ser aquele, de saber se logo mais ia escurecer, para ser o tempo do que vai acontecer na próxima estação, ou daqui a um ano.
Para isso, as pessoas precisaram inventar formas de marcar o tempo. Foi quando surgiram os primeiros calendários. O tempo ainda acha engraçado caber nos quadradinhos dos dias, dos meses e dos anos.
Mas como a gente criou essa forma de entender o tempo? Olhando para o céu! Alguns, para as estrelas e para o Sol. Outros, para a Lua. Há mais ou menos 9 mil anos, os egípcios começaram a cultivar plantações nas margens do Rio Nilo. E eles perceberam que as cheias, quando o rio inundava as terras por perto, aconteciam quando a estrela Sirius (que eles chamavam de estrela do cão) estava bem no horizonte, perto da hora do Sol nascer.
Quando a gente observa o céu, as estrelas mudam de posição. É porque a Terra se move em torno do Sol. E o que vemos no universo muda também.
Mas no Egito eles viram que todas as vezes que mais uma cheia ia começar, lá estava a estrela, no mesmo lugarzinho no horizonte. Ela andava no céu e, quando voltava para aquele pontinho do céu, significava mais uma inundação. Era a marca de um novo ano! Quando as cheias passavam, era hora do plantio. E antes de começarem novamente, da colheita.
O povo do Egito Antigo contou quantos dias cabiam em um ano: 365. Eles os dividiram em 12 meses, de 30 dias cada. E sobraram cinco dias especiais, para homenagear os deuses Hórus, Seti, Ísis e Osíris. O calendário egípcio foi um dos primeiros do mundo! E esse calendário foi mudando enquanto o tempo caminhava. Ganhou meses de 31 dias. E alguns anos de 366 dias. E chegou ao nosso calendário hoje, que se chama gregoriano. Na verdade, a um dos calendários, porque existem uns quarenta por aí.
Sabemos que o tempo existe. Mas como? Para marcar o tempo, precisamos de marcadores. A Terra dar uma volta em si mesma é um marcador. Porque quando ela retorna para uma mesma posição, sabemos que um dia passou. A Terra girar em torno do Sol é outro marcador. O planeta não para. E quando completa uma volta, lá se foi um ano.
Sabemos medir o tempo contando quantas vezes um fenômeno se repete. Em ciclos. Pode ser assim, uma coisa que acontece no espaço. Mas podem ser coisas menores, como o relógio. Os primeiros relógios usavam o próprio movimento do Sol, água e até mesmo areia. Você já viu uma ampulheta? Geralmente são feitas de vidro ou de plástico, sempre transparentes, que é para você poder ver a areia lá dentro. Ela mede o tempo que a areia gasta para cair de um recipiente e passar para outro.
Alguns jogos de tabuleiro até hoje têm uma! E você sabe que o tempo que você tem para adivinhar alguma coisa ou fazer uma jogada é o tempo de virar uma vez a ampulheta! Ou duas ou três vezes. E relógios mais antigos usavam pêndulos! Que balançavam de lá para cá. Tic tac. E uma hora era o tanto de vezes que esse pêndulo fazia esse movimento.
Os dias e os anos dependem de como a Terra se move pelo espaço, em volta dela mesma e do Sol. Mas o tempo achou engraçado quando os humanos resolveram também partir os dias em horas, as horas em minutos, os minutos em segundos. E por aí vai.
O dia podia ter dez horas. Ou quinze. Ou vinte. E a hora? Podia ter 100 minutos. Ou dez, ou setenta e três. Mas na época, os humanos usavam um sistema chamado duocecimal, ou seja, em que o número doze é a base. Então o dia ter 24 horas pareceu uma ótima escolha. Mas foi isso. Uma escolha feita primeiro pelos babilônios, um povo que viveu há milhares de anos. Eles dividiram o dia em doze partes. E depois fizeram a mesma coisa com a noite. Por isso, 24 horas.
As pessoas brincam que queriam que o dia tivesse mais horas. E poderia mesmo! Mas não ia fazer muita diferença, porque as horas só seriam mais curtas. Afinal, a gente pode escolher como marcar e como dividir o tempo. Mas ele continua a existir da mesma forma para todo mundo que vive aqui na Terra.
(Mas não para quem viaja bem rápido pelo universo! Ou por exemplo se alguém pudesse morar em outro planeta, com uma gravidade bem maior que a nossa! Mas isso é história para outro episódio.)
A verdade é que para a Terra que gira ao redor do Sol, para os calendários e para o seu relógio, o tempo passa na mesma medida. Mas nem sempre a gente sente dessa forma. Porque o tempo também pode ser o de um dia tão divertido que acaba mais rápido que a gente gostaria. Ou o tempo de esperar o ônibus, e dez minutos parecem cem.
O Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas é um podcast do projeto Minas Faz Ciência, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Roteiro de Luiza Lages, com consultoria científica do professor Renato Las Casas, do Departamento de Física da UFMG.
Para saber mais sobre o tempo e a invenção dos calendários e de outros marcadores temporais, acesse nosso conteúdo de apoio a pais e professores, no portal Minas Faz Ciência.
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