Quando falamos de abelhas, logo pensamos em pequenos animais voadores amarelos com listras pretas e um ferrão bem pontudo no ‘bumbum’. Mas se eu te disser que essa imagem dos desenhos animados e filmes são todas sobre uma única espécie, as melíferas? E mais, que elas nem existiam no Brasil?
Também chamadas de europeias, ou africanizadas, essas abelhinhas acompanharam o ser humano por todos os continentes habitáveis do mundo. No Brasil, chegaram no século 19, vindas de Portugal.
Acontece que essa espécie, normalmente, é criada para a produção do mel que estamos acostumados a comer. Mas a verdade é que ela é apenas uma em mais de 20 mil tipos de abelhas no mundo.
Só no Brasil há mais ou menos 3005 espécies nativas do país, ou seja, que são próprias de alguma região daqui. Todas com o seu jeito próprio de fazer casas, criar suas abelhinhas e até de conviverem entre si.
E sabe o que é mais legal? É que diferente do que muitos pensam, nem todas as abelhas são sociáveis.
A verdade é que muitas dessas espécies não têm aquela famosa divisão de castas de operárias, zangões e rainha – que vemos nos desenhos. Além disso, a maioria são abelhas solitárias.
Mas o que isso quer dizer? Na natureza existem dois tipos de abelhas: as sociáveis e as solitárias.
As abelhas melíferas, que conhecemos bem, são sociáveis. Então elas têm uma rainha, as operárias e os zangões. As colmeias são formadas pelo que chamamos de favos, que ficam na vertical, e é onde fica o mel, pólen e é, até mesmo, onde a rainha coloca as larvas para criar novas abelhinhas.
Mas as melíferas são muito sociáveis, e elas têm até uma forma de comunicação baseada no que chamamos de ‘dança do requebrado’. Nessa ‘dança’ uma operária ‘fala’ para a outra abelha onde está o alimento.
Porém, isso é algo bem próprio dessa espécie. Mesmo outras abelhas sociais, ou seja, que vivem em grupo, não fazem o ninho igual as melíferas.
Segundo o professor do departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Amaral, algumas até têm a abelha rainha e as operárias, mas constroem o ninho diferente, usando potes para armazenar o pólen e os tais favos, apenas para a rainha colocar os ovos.
Já as abelhas solitárias não têm uma rainha e vivem sozinhas. Nesse caso, a abelha fêmea nasce no ninho em que a mãe dela botou o ovo. Ela está sozinha, então sai desse lugar, encontra uma abelha macho e depois vai construir o seu próprio ninho. Amaral explica que são casas mais simples apenas com uma galeria, que podem ser feitas na terra ou até mesmo em um furo de prego na madeira.
Mas você sabe como se estuda as abelhas? Será que é muito difícil? Bem, segundo o professor Amaral isso depende da sua pergunta.
O pesquisador explica que se você quer saber como elas vivem ali é preciso criá-las, para que quando essa colmeia for formada você conseguia ver o que está acontecendo.
E como vejo sem ser picado? Bom, primeiro nem todas as abelhas têm ferrões, há algumas espécies solitárias que não têm, mas se você estiver estudando as famosas melíferas, o professor conta que é preciso usar um macacão de proteção, ele é branco e também é usado por produtores de mel (apicultores).
Além disso, podemos usar um aparelho chamado fumegador. Ele joga fumaça nas colmeias e deixa as abelhas confusas, evitando que elas nos ataquem. “Mas quando você abre a colmeia atrapalha a vida delas, então o melhor é usar colmeias com tampo de vidro”, destaca.
Amaral conta, ainda, que existem estudos ecológicos onde o pesquisador quer saber por exemplo, quais espécies de abelhas visitam uma flor. “Nesse caso, vamos para o campo procurar as plantas e caçar as abelhas que as visitam. Infelizmente temos de sacrificá-las, pois é preciso levá-las para o laboratório, já que temos que vê-las por meio de lupas de aumento”, informa.
O professor Fernando Amaral trabalha com a história biológica das abelhas. Ele tenta reconstruir as relações ancestrais desse animal para ver de onde as espécies vêm e, até, se compartilham um ancestral comum, para montar o quebra-cabeça dessa evolução.
Amaral explica que existem duas formas de evolução: modificações quando a espécie ainda existe causadas principalmente pelo lugar em que vive, por exemplo as diferenças entre as raças humanas. E existe, ainda, a especiação que é quando uma espécie se divide e dá origem a uma nova.
“Veja os felinos, eles têm características compartilhadas que conseguimos identificar. São espécies diferentes, mas semelhantes”, conta Fernando.
Mas o que os faz serem muito parecidos entre si, mas muito diferentes de outros animais? Segundo o professor, é o fato de que todos evoluíram de uma animal ancestral. “É como na nossa família: temos os nossos bisavós, que têm filhos, que vão se casar e ter filhos e nisso temos grupos de gerações que podem estar mais ou menos relacionados”, informa.
Todos esses estudos ajudam a entender melhor esses animais. Além de permitir que lidemos melhor tanto com a sua conservação quanto com o seu uso sustentável.
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