Subscribe for notification

O que Aedes aegypt, javalis e coronavírus têm em comum?

Espécies que não são naturais ou nativas de uma região e foram introduzidas por humanos de forma intencional ou acidental. Esse é o caso do Aedes aegypt, dos javalis e do coronavírus, todos três conhecidos por serem espécies exóticas invasoras. Isso quer dizer que essas espécies chegaram a um novo lugar associadas a alguma ação humana, acabaram se proliferando e geram algum tipo de dano ou impacto negativo à saúde, agricultura, pecuária, ao equilíbrio ecológico, entre outros.

De acordo com o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Rafael Dudeque Zenni, que é especialista em invasões biológicas, para entendermos melhor esses bichos e plantas, que crescem de forma desenfreada e causam prejuízos, é bom lembrar a ideia de praga ou erva daninha, que são nomes mais usados para representar invasores de sistemas agropecuários.

“Poucas são as espécies que conseguem sobreviver e se reproduzir como invasoras. Se olharmos ao redor nas cidades, nos jardins e nas ruas, a gente vê muitas plantas e bichos exóticos. Não necessariamente eles conseguem existir em grandes proporções. Acredita-se que apenas cerca de 1% consegue se proliferar e causar danos”, explica o professor.

O mosquito Aedes aegypt, transmissor da dengue, febre amarela, zika vírus e chikungunya, têm origem africana e está muito presente no Brasil. O javali (Sus scrofa) é nativo da Europa e foi introduzido no Brasil a partir da década de 1960 para a exploração comercial da carne. É uma das 100 piores espécies exóticas invasoras do mundo, de acordo com a União Internacional de Conservação da Natureza. Já o coronavírus (SARS-CoV-2) é um invasor com origem na Ásia que se espalhou pelo mundo inteiro, talvez o exemplo mais notório de como uma invasão biológica pode acontecer rápido.

Outros exemplos de espécies exóticas invasoras

Capim gordura

Introduzido acidentalmente no Brasil durante o tráfico de escravos africanos. Foi transportado nos navios, sem querer, porque eram usadas terra e pedra para equilibrar as embarcações. Junto com esse material vieram sementes do capim gordura (Melinis minutiflora) que se proliferou em nosso país.

Madressilva

É uma planta ornamental de nome científico (Lonicera japonica). Nesta foto, é possível ver uma invasão em um bosque de Mata Atlântica. O tapete formado pela espécie exótica invasora sufoca e exclui toda a vegetação nativa.

Abelha do mel

A abelha (Apis mellifera) tem origem na Europa e foi introduzida intencional em várias regiões do mundo para produzir o mel. É o exemplo mais conhecido de espécie exótica invasora que foi espalhada com um objetivo especial.

Mexilhão-dourado

Molusco que vive em água doce e tem causado grande impacto no sistema de energia elétrica. Ele se prolifera rapidamente e entope tubulações e filtros das hidrelétricas. Também obstrui estações de tratamento de água, de refrigeração de indústrias; de unidades geradoras de energia e de sistemas contra incêndios.

Leia, em breve, no site Minas Faz Ciência matéria a respeito do estudo global sobre cenários de invasões biológicas. O professor Rafael Dudeque Zenni faz parte da pesquisa.

Luana Cruz

Jornalista, professora e pesquisadora. É mãe dos gêmeos Martin e Heitor.

Faça um comentário
Compartilhar
Publicado por
Luana Cruz

Artigos Recentes

Dindim bem tratado!

Imprescindíveis ao dia a dia de empresas e cidadãos, contadores e contadoras administram muito bem…

% dias atrás

Alunos criam série de vídeos para divulgar pesquisas sobre animais

Grupo é formado por alunos de graduação e pós-graduação da UFJF e já falou sobre…

% dias atrás

Mamãe, o que é família? E o que é desigualdade e racismo?

Conversas entre mãe e filha viram podcast para debater temas sociais.

% dias atrás

Centro Cultural UFMG tem atividades online para o público infantil

Projeto Arte Revistinha tem a proposta de interagir com as crianças.

% dias atrás

Conheça os robôs espaciais que exploram planetas distantes

Eles custam bilhões, mas valem cada centavo, pois visitam locais inexplorados.

% dias atrás

Beija-flores da Serra do Espinhaço ajudam a contar história do continente americano

Pesquisa confirmou parentesco entre beija-flor-de-gravata-verde e beija-flor-de-gravata-vermelha.

% dias atrás