Já parou para pensar como os cientistas descobrem que existiu uma era de gelo há muitos e muitos anos? Ou como podem prever tendências climáticas que ocorrerão de tempos em tempos no planeta? Uma das ciências que contribui para reconstrução dos climas do passado tentando identificar as mudanças futuras é a Paleoclimatologia.
Afinal, como os cientistas fazem esses estudos?
A Paleoclimatologia envolve pesquisas de várias áreas. A partir da análise e interpretação dos vestígios naturais, os cientistas descrevem o clima de centenas a milhões de anos. São observados dados derivados de anéis de árvores, núcleos de gelo, corais e sedimentos oceânicos, cavernas, entre outros. É possível reunir a esses dados com medições geofísicas ou biológicas e algumas variáveis climáticas reconstruídas, como temperatura e nível de chuva.
Existe um Serviço Mundial de Dados para Paleoclimatologia, que arquiva e distribui descobertas de cientistas de todo o mundo, inclusive brasileiros. Mostramos recentemente, aqui no Minas Faz Ciência, pesquisadoras da Universidade Federal de Lavras (UFLA) que enviaram dados sobre o clima da Amazônia para este banco de dados. Elas obtiveram as informações investigando o caule de árvores.
Ferramentas da ciência
De acordo com o Centro Nacional de Informação Ambiental (NOAA), uma organização mundial referência em Paleoclimatologia, a variedade de pesquisas para reconstruções climáticas é quase infinita. Conheça algumas:
Profundezas da terra
Cientistas fazem medições de temperaturas perfurações na crosta terrestre com equipamentos gigantes. É esperado um aumento do calor, de acordo com a profundidade que os medidores alcançam. Trechos que esfriaram ou aqueceram abaixo da superfície ajudam os pesquisadores a interpretar mudanças na temperatura acima superfície.
Forças da natureza
Eventos como erupções vulcânicas, variação solar, presença de gases na atmosfera e traçado da órbita terrestre são importantes para a Paleoclimatologia. Também são essenciais informações como volume de chuva e temperatura da água do mar, que são todas variações naturais, mas sofrem impacto de ações humanas.
Fundo do mar
Podem ser feitas análises químicas dos pedacinhos de pedras, corais e areia do fundo do mar. Até a quantidade de sal da água é uma informação relevante. Nos oceanos são encontrados fósseis muito usados nos estudos da Paleoclimatologia.
Núcleo de Gelo
Dados de geleiras de montanhas polares podem ser analisadas em laboratórios para medir quantidade de oxigênio e metano, além de outros parâmetros que ajudam a indicar variações climáticas. Foram pesquisadores da NASA que iniciaram a Paleoclimatologia, no século XIX, estudando justamente a expansão das calotas de gelo.
Animais e plantas
Os registros e documentações sobre a distribuição de mamíferos em cada região da Terra fornece um complemento valioso aos dados paleocimáticos. Além disso, restos de folhas e flores ajudam a identificar tipos de plantas que anteriormente cresciam numa área, ou seja, é possível indicar o clima da região sabendo quais espécies suportam viver por lá.
Os grãos de pólen lavados ou soprados em lagos podem se acumular nos sedimentos e também fornecer um registro da vegetação passada. Por fim, a espessura de anéis dos caules das árvores é outro fator que ajuda a determinar se aquela planta resistiu a momentos de seca ou chuva.
No Brasil, os primeiros estudos de Paleoclimatologia foram baseados em estudos de mudanças na vegetação e no nível de lagos. Segundo o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, há registros de pesquisas importantes iniciadas na Serra dos Carajás, no Pará.
Cavernas
Análise de minerais presentes nas estalagmites e estalactites das cavernas subterrâneas também indicam variáveis climáticas. Cientistas avaliam a espessura delas e os componentes químicos para reunir dados de Paleoclimatologia.
Fontes das informações: Conceitos e contribuições da Paleoclimatologia com base nos estudos de diferentes fatores e National Oceanic and Atmospheric Administration.
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