Quando o filhote de Homo sapiens chega em certo momento de sua infância, começa a fazer perguntas. E seria bom que nunca mais parasse! Meninos e meninas, afinal, perguntam sobre tudo: “Como?”, “Onde”, “Pra quê?”, “Por quê?”. Ao longo da vida dos adultos, outras tantas interrogações surgirão. E sabe com qual objetivo? Para formar o conhecimento que irá garantir a sobrevivência de nossa espécie, ainda por muitos anos. Bem… Como a gente sabe que essa “perguntação” não tem fim, marcamos um encontro de crianças superespertas com uma pesquisadora que adora conversar sobre ciência.
Veja quanta coisa legal vamos aprender nesta entrevista, feita lá no Espaço do Conhecimento UFMG, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte (MG). Alunos de escolas públicas e particulares, Nara Biagini, de 8 anos, Augusto Azevedo (8), Luiz Fernando Marques (10), Letícia Dias (9) e Gustavo Henrique Silva (8) conversaram com a cientista Fabiana Beghini, que é mãe do Mateus, de três anos, e dá aula numa escola de Beagá.
Além disso, ela estuda novas fontes de energia no Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear, o CDTN, que fica na Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG. Fabiana também escreve livros e já ganhou um prêmio importante, o Jabuti, com uma história chamada Um pedacinho do céu. Ela conta que, desde criança, sua matéria preferida eraCiência. “Eu adorava fazer experimentos e tentava descobrir como as coisas funcionavam. Quando cresci, quis fazer o curso de Física”. Vamos conferir o que a galerinha perguntou a ela?
Letícia – Na sua vida, o que você mais gostou de aprender?
Fabiana – Adorei saber algo sobre o movimento dos planetas ao redor do Sol e de descobrir que as estações do ano dependem da posição que a Terra está, enquanto segue seu caminho.
Gustavo – Já descobriu algo novo nesse mundo?
Fabiana – Estou pesquisando para descobrir um combustível novo, mas que usa elementos químicos já existentes. Não descobri elementos novos.
Augusto – Você já quis produzir um DNA e criar uma nova pessoa?
Fabiana – A ciência é muito grande! Ela foi dividida em partes para facilitar o estudo das coisas. Eu trabalho numa área que pesquisa os movimentos e explica os fenômenos físicos. Essa parte do DNA é com o pessoal da Biologia. Sei que parece muito com aquela história do Frankenstein…
Letícia – Qual a ciência mais estudada?
Fabiana – Não tem uma que seja mais estudada. Tem espaço pra todo mundo. Há estudos sobre as partes do corpo humano, sobre saúde, medicamento, espaço. Quando a gente estuda nos livros, parece que a ciência é pronta e acabada. Mas não é assim! Ela é viva. A gente está sempre estudando, sempre têm novidades nos diversos campos.
Nara – Tem ciência que estuda idioma?
Fabiana – Tem, sim. É a linguística. Você gosta de línguas?
Nara – Queria saber japonês.
Letícia – Você já desenvolveu alguma coisa?
Fabiana – No laboratório, desenvolvi um combustível para gerar energia. Existem várias formas de gerá-la: pode ser pela água, pelo vento… Meu trabalho é buscar energia por meio dos elementos químicos.
Letícia – E o seu livro? O que você escreve nele?
Fabiana – Sobre o espaço, sobre Astronomia. Falo sobre a lua, sobre os planetas e o céu.
Luiz – Lá no meu bairro, não consigo ver as estrelas porque tem muita luz na rua!
Fabiana – É que, quando o lugar fica muito iluminado, a luz que chega do céu, das estrelas, não alcança a gente.
Augusto – Por isso é que, no cinema, pedem para não usar o celular?
Fabiana – Isso! Para não atrapalhar a projeção das imagens e, também, para evitar barulho. Quando a gente observa o céu a olho nu – ou seja, sem um telescópio –, é melhor que seja um lugar bem escurinho, para que as outras luzes não atrapalhem.
Gustavo – Nas cidades, parece que os homens estão destruindo o planeta.
Letícia – Eu fico chateada porque, depois, não vai ter nada pra gente beber. Não vai ter nada pra sustentar a nossa vida
Fabiana – E o que a gente pode fazer para mudar essa situação?
Luiz – Diminuir o excesso de gás carbônico na Terra.
Fabiana – E como a gente diminuiria isso?
Luiz – Gastando menos combustível, queimando menos coisas que poluem e evitando os gases que destroem a camada de ozônio.
Nara – Você acha que, um dia, a Terra vai acabar?
Fabiana – Acho que um dia a Terra vai acabar, sim. Mas vai demorar muitos, muitos anos.
Gustavo – Todo mundo vai estar morto?
Fabiana – Muitas outras gerações vão ter nascido.
Augusto – Como o homem de 300 cabeças? [Todos caem na gargalhada!]
Fabiana – A gente tem que ficar preocupado é com o fato de que todas essas mudanças climáticas estão acontecendo porque os seres humanos não cuidam muito bem do planeta. Nossa geração não vai acompanhar a Terra acabando, mas precisa cuidar dela. Poluição, desperdício e desmatamento têm que acabar.
Gustavo – Deveriam inventar um carro que usa pedal.
Fabiana – Ficaria parecendo uma bicicleta. Seria bom para diminuir a poluição. A gente consegue gerar energia pedalando.
Gustavo – Mas precisa ser um cara megaforte!
Fabiana – Nem precisa ser tão forte. É só fazer do pedal um gerador, como aqueles das bicicletas ergométricas, que não precisam ser ligadas na tomada.
Augusto – Alguém já atravessou a Terra pelo meio?
Fabiana – A Terra é formada por várias camadas. Lá no meio, é lava, igual à dos vulcões. É um mar de íons muito quente. Não tem como atravessar.
Augusto – Mas e se vestirmos roupas especiais?
Fabiana – Isso ainda não existe. Pode ser que tenha alguém interessado em pesquisar lá e atravessar, mas ainda não aconteceu. Não que eu saiba… Chegar do outro lado dando a volta por cima já aconteceu: é só usar avião e navio.
Augusto – Se o espaço fosse rachado, ia acontecer o caos?
Fabiana – A rachadura no espaço pode ser entendida como um buraco negro. Nada escapa dele, nem a luz. Mas ninguém nunca foi lá e voltou para contar o que viu. Por isso, são só teorias.
Aliás, se você também tem perguntas a fazer, conte para nós! Basta nos enviar suas dúvidas pelas redes sociais.
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