Para além das palavras, as imagens merecem – e carecem de – leitura. Sim! Diante de quadros, esculturas, fotografias e projetos arquitetônicos, é possível não apenas apreciar formas, mas, também, “ler” significados e polissemias.
Tal é o princípio central do livro Lendo imagens, de 2001, em que o ensaísta argentino Alberto Manguel – também autor de Uma história da leitura, dentre outras tantas obras – recorre a imagens icônicas para decodificar sentidos, sensações etc.
O mais rico do trabalho de Manguel, que também é tradutor, editor e romancista, está na defesa de que o direito – e a capacidade – de ler imagens não se restringe à expertise de especialistas. É de todos, afinal, a possibilidade de interpretar (e sentir) iconografias.
Dividido em 12 capítulos, o livro se inicia, justamente, com a discussão do “espectador comum” – e, ainda, da “imagem como narrativa”. Em seguida, o autor passeia pela intepretação de obras elaboradas por artistas de diversos períodos históricos.
Página a página, leitores e leitoras são chamados a observar – e debater – obras de Joan Mitchell, Robert Campin, Tina Modotti, Lavinia Fontana, Marianna Gartner, Filôxenos, Pablo Picasso, Aleijadinho, Claude-Nicolas Ledoux, Peter Eisenman e Caravaggio.
Trecho
“Sou um viajante inquisitivo e caótico. Gosto de descobrir lugares ao acaso, por mei ode qualquer imagem que esses locais tenham a oferecer: paisagens e prédios, cartões-postais e monumentos, museus e galerias que abrigam a memória iconográfica de um lugar. Assim como adoro ler palavras, adoro ler imagens, e me agrada descobrir as histórias explícita ou secretamente entrelaçadas em todos os tipos de obras de arte – sem contudo, ter de recorrer a vocabulários arcanos ou esotéricos. Este livro desenvolveu-se a partir da necessidade de reivindicar, para os espectadores comuns, como eu mesmo, a responsabilidade e o direito de ler essas imagens e essas histórias.”
O livro
Livro: Lendo imagens
Autor: Alberto Manguel
Tradutor: Rubens Figueiredo, Rosaura Eichemberg e Cláudia Strauch
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 359
Ano: 2001