A pandemia causada pelo coronavírus trouxe à tona diversos termos e equipamentos da área da saúde que muitos desconheciam, um deles foi a ventilação mecânica. Preocupação de autoridades municipais e estaduais, os respiradores são fundamentais no tratamento dos casos graves da covid-19.
Diante disso, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla) se uniu para desenvolver um produto eficaz, de baixo custo e de fácil replicabilidade que possa ajudar em casos graves da doença. O projeto Sistema de ventilação automatizado para auxílio à pacientes com covid-19 conta com o apoio da FAPEMIG e está sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar.
Segundo a pesquisadora do Departamento de Engenharia da Ufla e coordenadora do projeto, Joelma Pereira, o objetivo é auxiliar o atendimento de pacientes com covid-19 desenvolvendo um sistema de automação para o suporte ventilatório mecânico, conhecido como Ambu. “Ele pode ser aplicado nos postos avançados de saúde ou em hospitais de campanha”, explica.
A coordenadora informa que o projeto permitirá atuar de forma direta na obtenção, caracterização e transferência de tecnologias de protótipos para auxílio no tratamento da doença. Atendendo demandas científicas, tecnológicas e econômicas provenientes das universidades, centros de pesquisa, empresas, setores públicos e sociedade.
“As parcerias que estão sendo estabelecidas irão possibilitar uma estrutura multiusuária, com características de cooperação inter e multi institucional”, destaca a pesquisadora.
Além de Pereira participam do estudo os pesquisador Sandro Silva e Henrique Silveira, do Núcleo Engenharia Mecânica, e Alfredo Sena Neto, do Núcleo Engenharia de Materiais. Há ainda os pesquisadores Ernesto Lippi Neto, do Departamento de Ciências da Saúde, Fábio Jesus, do Departamento de Automática, Juliano Peixoto e Rosa Cabral, do Departamento de Medicina Veterinária, além de Flávia Saad, do Departamento de Zootecnia.
Automação
O Ambu se enquadra em um equipamento de suporte ventilatório transitório até o acoplamento a um respirador mecânico.
Segundo Pereira, esse tipo de instrumento é muito utilizado e depende da compressão manual. “Porém, se utilizado por tempo prolongado o equipamento perde a qualidade da ventilação e pode levar a uma fadiga muscular dos profissionais se saúde que o operam”, conta.
Com isso em mente, o grupo desenvolveu um protótipo em impressora 3D sob o conceito de manufatura enxuta. Dessa forma, não é necessário nenhum tipo de ferramenta para monta-lo, uma vez que funciona por encaixe no padrão lego.
“Isso facilita a montagem do equipamento, por qualquer profissional, tornando o processo mais rápido e sem erros, além de reduzir o desgaste muscular de quem o opera”, conta Pereira.
Inovação
Uma vantagem do dispositivo é que os profissionais de saúde poderão realizar outros atendimentos, uma vez que não precisarão manusear o aparelho. Além disso, essa nova ferramenta garante uma frequência ventilatória e volume de oxigênio padronizado.
“Este tipo de equipamento não tem a intenção de substituir um respirador, mas ofertar um suporte de ventilação automatizado transitório, que pode ser importante em casos extremos”, explica a pesquisadora.
O aparelho garante, ainda, transporte aéreo e terrestre seguro, assim como transporte intra hospitalar para realização de exames complementares e a isenção da gravidade de infecções por bactérias multirresistentes. “São benefícios diretamente relacionados a sociedade com aplicação imediata no SUS, corpo de bombeiros e Samu. Podendo ser aplicado em qualquer parte do território nacional e internacional”, ressalta.
Melhorias
O estudo ainda não está finalizado. Segundo Pereira, análises mecânicas indicaram a possibilidade de melhoria do protótipo quanto a redução do desgaste e aumento da eficiência sobre o ritmo de acionamento do Ambu.
“Estamos desenvolvimento um sistema pneumático que comanda automaticamente os pulsos do respirador, que são controlados por um temporizador, afim que ele estabeleça o ritmo de 14 a 20 vezes por minuto, dependendo da necessidade do paciente”, informa a coordenadora.
O time da saúde está trabalhando na metodologia a ser aplicada quanto a catalogação dos protocolos médicos já existentes para pacientes com deficiência respiratória. Além de realizar a adequação do sistema de automação para operar de forma autônoma e segura. “Enquanto estamos trabalhando com estas melhorias, já submetemos o projeto à Comissão de Ética e Animais (CEUA) e iniciamos os testes”, conta