Não é de hoje que tem se falado sobre a importância do agronegócio para a economia brasileira. O setor representa 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e no ano passado, mesmo em meio à crise, foi um dos poucos segmentos que apresentaram números positivos crescendo 3,81%. No entanto, para se manter competitivo no mercado mundial, o agronegócio brasileiro precisa a todo momento se reinventar e investir em inovação e tecnologia para melhorar vários de seus processos tanto na produção, passando pela logística, ao melhoramento das relações comerciais.
E justamente, com o objetivo de deixar o agronegócio cada fez mais forte, foi criada a NovoAgro Venture, a primeira Corporate Venture Builder do ramo, uma inciativa que tem a parceria entre a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema FAEMG) (que possui mais de 400 mil produtores associados) e a FCJ Venture Builder, maior rede de Venture Builder da América Latina.
O programa visa aproximar investidores anjo com startups, além de investir em empreendedores com propostas focadas na geração de valor para o mercado. Para quem não conhece, as Venture Builders são empresas que investem em startups por meio de aportes não financeiros. O investimento é feito por meio da contraprestação de serviços variados, como marketing, contabilidade, suporte a clientes, entre outros. Para isso, as Venture Builders normalmente contratam equipes para o desenvolvimento das startups em um modelo de spin-off.
Apoio em vários estágios
Diferente do Venture Capital, as Venture Builders conseguem apoiar startups em seus vários estágios, se posicionando como cofundadoras e oferecendo mais do que mentoria. O risco do investimento é reduzido pelo modelo de cogestão, já que a rotina das startups é acompanhada através de métodos ágeis. Ao compartilhar a maturidade e o pensamento focado em negócios e vendas com as startups, as Venture Builders permitem que os empreendedores foquem na inovação.
Essa é a primeira vez que um projeto de venture builder é rodado em Minas Gerais como o foco exclusivo no agronegócio e que vai funcionar de forma contínua por meio de rodadas (Inventor Day), no qual startups apresentam a solução para técnicos da Faemg e investidores que selecionam as que atendem os pré-requistos para participarem do programa .
De acordo com o CEO da NovoAgro Ventures, Leonardo Dias, o projeto surgiu da necessidade de desenvolver inovação para o agronegócio que tivesse impacto a curto, médio e longo prazo. “Percebemos que só a aproximação entre o agronegócio e as startups não basta, é necessário uma estrutura e um processo que acompanhe essa aproximação e o desenvolvimento da solução resolvendo efetivamente a dor do produtor”, acredita ele.
Segundo Dias, esse modelo de venture builder funciona mapeando a necessidade da startup para que se possa entregar o serviço customizado e fazendo com que ela cresça e escale. Ele explica que a atuação da NovoAgro Venture é realizada no tempo todo da vida da startup, sendo mais que investidores, ajudando também nas necessidades e conexões com o mercado do agro. “Somos um fundo de investimento em soluções tecnológicas para o agronegócio, as chamadas agtechs, e estamos em busca de startups que já estão vendendo, com produtos de fácil implementação, que gere valor rápido e seja escalável”, afirma Dias. Ele explica que normalmente o programa trabalha com 10 a 20% de equity, ou seja, a contrapartida que recebem das startups em troca do investimento. “Mas isso vai depender do grau de maturidade da startup, perspectiva de crescimento e o tamanho”.
Investir Days
Em junho foi realizado a primeira rodada do InventorDay e a startup selecionada para participar e ingressar do NovoAgro Venture foi a Agrogrim. Trata-se de uma empresa que possui uma plataforma que conecta produtores a compradores de cafés especiais, oferecendo melhores condições comercias para os produtos. Sendo participantes ativos da cadeia do café, conhecem tanto as necessidades do produtor rural quanto as tendências de compras do setor.
Por isso, está presente também no outro lado da cadeia (cafeterias e torradores) que possuem maior facilidade e agilidade para encontrar os cafés que desejam trabalhar, maior variedade de produtos, além é claro, de possibilitar o aumento da confiança de que o produto comprado realmente apresenta as características da amostra recebida e os atributos anunciados, bem como preço competitivo – história, origem e imagens do produtor e da propriedade também estão disponíveis na plataforma.
A empresa também é incubada no Inatel em Santa Rita do Sapucai e é formada por Carlos Henrique Moreira Carvalho (Consultor/Financeiro), Daniele Alkmin Carvalho Mohallem (Comercial/Especialista Café) e Guilherme Augusto Cassemiro (Operação/Inovação/Tecnologia).