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Edital coMciência: vamos pensar o futuro a partir de soluções do presente?

Edital coMciência 2020 quer reunir perguntas, pensamentos e possíveis ensaios artísticos-científicos, a partir de um “hoje” propositivo

Quem sabe não está na hora de pensarmos o futuro a partir de soluções já existentes no presente? Será que já não temos entre nós muitas respostas para o que precisamos sem, necessariamente, deixar que essas resoluções aconteçam no amanhã de forma autônoma? Propondo reflexões como essas, o Museu das Minas e do Metal lançou a segunda edição do edital coMciência, o programa de divulgação científica do MM Gerdau. O tema deste ano é Cristais do Tempo: emergências nas fissuras do presente, a fim de reunir perguntas, pensamentos e possíveis ensaios artísticos-científicos, a partir de um “hoje” propositivo.

De acordo com Tadeus Mucelli, curador do Edital coMciência, a inspiração do tema vem de uma teoria física. É um assunto que leva a debates sobre quebras de temporalidade e linearidade do tempo, uma abordagem inevitável no contexto de pandemia em que vivemos. Mucelli explica que, mesmo com tanta atualidade, a temática foi pensada para dar continuidade ao primeiro edital, no qual foram trabalhadas possibilidades de construção do pensamento pela interface arte e ciência.

“Hoje temos situações em que vivenciamos demais o futuro como se fosse uma resolução que não reflete ações do presente. Temos empresas e diversos mecanismos sociais que falam de construir futuro, mas não pensam no presente. Há muito desenvolvimento científico que já traz indícios de soluções para o que estamos enfrentando, mas não olhamos para essas coisas no momento em que elas nos agenciam. Agora, somos agenciados a rever posicionamentos”, afirma.

Presente resolutivo

Como exemplo deste presente resolutivo, temos a tecnologia da informação nos ajudando a lidar com dados para tomadas de decisões durante a pandemia do coronavírus. “Mas artistas de cientistas já lidam com dados há muito tempo”, completa Mucelli. Ele analisa o quanto os campos arte e ciência são contributivos um ao outro.

“Vamos pensar na cultura do software. Os programas que surgiram na década de 1940, para questões militares com protagonismo de Alan Turing, ganharam, na década de 1960, interfaces gráficas a partir do trabalho de artistas. A cultura de software se baseou no nosso entendimento de cultura e deu um grande passo quando artistas trabalharam a representação gráfica de combinações binárias”.

É possível dar um salto e pensar em como essa cultura do software aliada à questão gráfica se consolidou no cinema por meio da digitalização de imagens, em trabalhos conjuntos entre artistas e profissionais de tecnologia da informação.

Por tudo isso, editais como  coMciência são importantes, pois ajudam a potencializar nossas visões para inovação e a perceber como as coisas se desenvolvem historicamente. Este ano, em especial, o edital tem um olhar para projetos que pensem acessibilidade. “Arte digital e eletrônica, bioarte e outras nem sempre estão atentas à perspectiva da acessibilidade, principalmente quando se pensa no campo das artes visuais”, explica.

Podem concorrer ao edital artistas, cientistas e demais criadores e pesquisadores interessados em propor ocupações em espaços do MM Gerdau, assim como de forma virtual, por meio de tecnologias digitais disponíveis no momento (realidade aumentada, aplicações em celulares, realidade virtual, sites e demais plataformas digitais) por meio de projetos que transitem nos limites entre arte, ciência e tecnologia, com a potência de suscitar novas perguntas e reflexões à humanidade e ao mundo em que se insere e transforma. As inscrições podem ser feitas exclusivamente no formulário digital até 26 de julho de 2020.

Programa

coMciência nasceu em 2013 e busca trazer temas atuais para debates, por meio de palestras e rodas de conversas, além de oferecer cursos ligados a temáticas científicas, mostras e feiras em parceria com instituições de ensino. Como museu de ciência e tecnologia, a ideia é desmistificar a ciência como lugar intocável, de difícil compreensão ou distante do universo da maioria das pessoas. O programa, por meio de suas atividades, busca aproximar o público do conhecimento científico, tornando-o mais palatável, com temas da atualidade e uma linguagem acessível.

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação.

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