Por Luana Cruz e Luiza Lages
A libélula é aquele inseto que protagoniza voos rasantes e rios e lagos, de corpo alongado e elegante. Mas, será mesmo o bicho mais bonito do mundo? Pelo menos era o que achava o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ângelo Machado, que nos deixou na semana passada. Médico, ambientalista, entomólogo, dramaturgo, escritor, ele descreveu cerca de 100 espécies de libélulas e era apaixonado por esse inseto.
Em homenagem ao carismático professor e dando sequência ao podcast infantil Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas, o tema de hoje é a vida das libélulas. Este é o terceiro episódio de uma temporada com oito áudios que apresentam histórias sobre a vida de grandes nomes das Ciências, conceitos, teorias e acontecimentos científicos.
Leia o conto aqui e escute o podcast:
De acordo com Henrique Paprocki, curador da Coleção de Invertebrados do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, as libélulas ocupam ambientes aquáticos de água doce, sejam eles temporários, como poças, ou permanentes, como rios. “Um poça que dura tempo suficiente, no verão, acaba tendo larvas jovens de libélulas que ficam lá se alimentando”, explica o professor, que foi o responsável pela assessoria científica do episódio. É bom lembrar que esses insetos preferem águas em boas condições ecológicas, servindo até como indicadores de águas limpas.
Predadoras: o que comem as libélulas?
Todas as libélulas são predadoras, conforme explica o professor Paprocki. Elas se alimentam de outros insetos aquáticos, das ordens Efemerópteros, Precóptera e Tricóptera. Também são presas das libélulas os dípteros como, por exemplo, os mosquitos.
“É um grupo tão poderoso como predador que há artigos científicos mostrando que comem peixes e girinos. Um estudo recente mostrou larvas de libélula pulando de dentro d’água, agarrando um sapinho e trazendo para dentro d’água para predar. Então, são vorazes”.
Ciclo de vida
A vida das libélulas começa dentro d´água, onde as larvas podem morar até um ano. “Algumas vezes no verão, quando a temperatura é maior, se desenvolvem mais rápido. Elas vão ter um ciclo de vida aquático mais curto, de aproximadamente dois e três meses”, afirma Paprocki.
Quando o ciclo de vida se completa dentro d’água, as asas já estão formadas dentro do exoesqueleto das libélulas. Ela vai romper o exoesqueleto de larva e segurar, muitas vezes, em uma planta ou pedra do lado de fora da água. Em seguida, as asas vão desdobrar e o adulto vai sair.
As libélulas estão na classe dos insetos e na ordem das odonatas. Segundo o professor, o tempo de vida delas varia muito. “É relacionado com o tamanho. Quanto maior o animal, mais tempo vai viver. Pode ser de algumas semanas até um ano inteiro”. Existem odonatas que são migratórias e atravessam continentes inteiros. Outras colocam seus ovos no copo d’água da bromélia ou nas partes ocas de árvores.
Cores para chamar atenção
Existem dois grandes grupos de libélulas. Um deles é denominado Zygoptera, que têm insetos mais finos e esbeltos, e moram em riachos. O outro é chamado de Anisóptera, formado por libélulas mais robustas e que costumam parar com as asas esticadas para o lado.
As libélulas são muito coloridas e, de acordo com o professor Paprocki, a cor serve essencialmente para seleção sexual. “É para os machos atraírem fêmeas. Muitas vezes, eles precisam competir entre si por um território onde vão conseguir as fêmeas para reproduzir. Então, evolutivamente, se vestem de roupas coloridas para aquele momento da seleção sexual”.
Reprodução das libélulas
Talvez você já tenha visto a cena de uma libélula voando agarrada na outra. Conforme explica o professor, este voo em dupla faz parte do processo reprodutivo das libélulas. O macho fica na frente e tem uma estrutura que segura no cérvix da fêmea, como se fosse o pescoço dela. A fêmea se dobra e coleta um pacote de espermatozoides que está saindo de um poro genital do macho.
Assim que ocorre a cópula, o macho fica segurando a fêmea para ser certificar de que o pacote de espermatozoides dele será fecundado. Ele se mantém na posição e voam juntos, até a fêmea fazer oviposição, ou seja, expelir os ovos na água. Segundo Paprocki, outro macho poderia “trapacear” a fecundação. É que esses insetos têm estruturas genitais para retirar o pacote de espermatozoides do último macho e substituir pelo dele.
“Ele está assegurando que outro macho não vai retirar o pacote dele de espermatozoides. Ele fica segurando a fêmea até garantir que os filhos serão dele”, conclui.
Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas
Este texto sobre a vida das libélulas é um conteúdo de apoio ao segundo episódio do podcast infantil Histórias de Ninar para Pequenos Cientistas. O objetivo desta postagem é explorar os conceitos científicos, dando suporte a pais, responsáveis e professores. Assim, fica mais fácil ouvir o episódio com a criançada.
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