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“Todas as substâncias são venenosas. Não há nenhuma que não seja um veneno. A dose certa é o que diferencia um remédio de um veneno.”

Frase atribuída a Paracelso, médico e físico suíço do século XVI

O estudo do pesquisador Gustavo Menezes, do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre anti-inflamatórios e reações no organismo, também está envolvido com medidas medicamentosas. De acordo com o cientista e colaboradores, a dosagem e o tempo de uso dos remédios sintomáticos, como o paracetamol e tylenol, caso não sejam corretos, podem causar atraso na reparação tecidual e outra série de complicações. As análises tiveram base na alteração sofrida pelo fígado quando houve superdosagem com as substâncias.

Resposta inflamatória

Menezes explica que a resposta inflamatória, há algumas décadas, era observada como uma doença. O que é um erro. O processo inflamatório é um recurso do organismo que, no interesse de se restabelecer, fomenta o combate a estranhezas no corpo, o que gera sintomas, como dor, edema e febre.

Em informações prestadas à assessoria de imprensa da UFMG, Menezes compara a resposta inflamatória com “uma cidade atingida por um míssil: para reconstruir, é preciso demolir as construções danificadas e limpar o terreno. Os neutrófilos, células de defesa que chegam rapidamente ao tecido inflamado, precisam acabar de digerir os tecidos mortos, para que o órgão possa se reconstituir. Assim, bloquear sua ação completamente e por longos períodos impede que o tecido se repare corretamente”.

Diante desse desconforto (sintomas) causado por diversos fatores, como patógenos, as pessoas minimizam o problema com medicamentos anti-inflamatórios. O que, segundo pesquisador, não é obrigatoriamente um problema, desde que sejam prescritos por profissionais de saúde no momento exato.

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As complicações ocorrem quando pacientes não procuram ajuda médica para saberem quais remédios devem tomar, qual a dosagem e por quanto tempo. No caso dos anti-inflamatórios, de acordo com o estudo, a sobremedicação causa maior resistência aos princípios ativos do remédio (“o corpo aprende a destruir a medicação mais rapidamente”) e retarda a cura dos tecidos afetados pela enfermidade.

“Os processos esculpidos pela evolução são uma dádiva para fixação humana na terra”, diz o pesquisador. Por isso, dosagens que amenizam os sintomas não devem afetar a cura natural do organismo.

Segundo Menezes, entre os três momentos possíveis para uso desses medicamentos (antes dos sintomas aparecerem, durante os sintomas e depois dos sintomas terem acabado), a pior resposta ocorreu quando houve o prolongamento do anti-inflamatório sem motivos. Por outro lado, quando houve intervenção medicamentosa logo no aparecimento dos sintomas, as respostas foram melhores.

A facilidade de compra dos anti-inflamatórios cria uma cultura de automedicação nada benéfica. “As pessoas sentem uma leve dor de cabeça e começam a fazer uso do medicamento. Mesmo depois de terem acabado os sintomas, elas continuam tomando para se precaver. Essa prática pode resultar em outras doenças e maiores complicações”, afirma Menezes.

O artigo científico foi publicado, recentemente, na Revista Cells com o nome Paradoxical Role of Matrix Metalloproteinases in Liver Injury and Regeneration after Sterile Acute Hepatic Failure. Para acessar, clique aqui.

Veja abaixo o vídeo da entrevista como pesquisador.

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