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Foto ilustrativa: Flickr Assembleia Legislativa do Paraná/ Pedro de Oliveira/Alep

O Exame Nacional Do Ensino Médio (ENEM) está chegando e jovens de todo o país se concentram para encarar os desafios de uma prova que testa conhecimentos e define futuros. Em 4 de novembro, candidatos farão provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Ciências Humanas e suas Tecnologias. Em 2018, o exame completa 20 anos de existência. Nesse período, passou por muitas mudanças, principalmente, no que diz respeito ao uso dos resultados. Inicialmente, o objetivo do Enem era apenas avaliar a qualidade do Ensino Médio no país e, hoje, se tornou uma forma de ingresso nas universidades.

O exame é, certamente, objeto de pesquisas científicas considerando a relevância e o impacto para a educação brasileira.  Um desses trabalhos foi desenvolvido por pesquisadores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), campus Divinópolis, que mergulharam nas provas do Enem para compreender ‘” o lugar das literaturas de expressão portuguesa”. Considerou-se manifestações brasileiras, portuguesas ou africanas de expressão portuguesa. O trabalho investigou todas as provas aplicadas para analisar duas perspectivas:

  • O modo de organização das questões que, nomeadamente, abordam conteúdos de Literaturas de Língua Portuguesa, analisando quais textos (verbais e não verbais) são privilegiados, tipo de atividades propostas para os candidatos e a natureza das orientações/instruções fornecidas.
  • Inserção de determinados autores, obras, períodos literários e/ou temas explorados em relação às literaturas de expressão portuguesa.
Arthur Phillipe junto com o orientador. Pesquisa foi apresentada na Semana de Ciência e Tecnologia no CEFET-MG. Foto: Arquivo do pesquisador

De acordo com Arthur Phillipe Milanez Santa Cecília, autor do estudo, um dos objetivos era que o diagnóstico servisse de aprimoramento dessa política pública que tem se revelado bastante influente para elevação da qualidade da educação formal do país. A ideia é que as investigações pudessem servir de subsídio para próximas edições do Enem, organizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

“O Enem é uma das maiores provas do mundo, alguns dizem que é a maior. É de grande impacto, pois o ensino médio circula ao redor de se dar bem no exame e acertar mais questões,  a ponto de entrar em uma universidade federal ou instituições privadas por meio de bolsa. Vimos nesta pesquisa que é possível atender a cursos preparatórios, professores e  ao Inep”, explica Arthur Phillipe.

O trabalho é resultado de pesquisa de iniciação científica, sob orientação do professor Rodrigo Alves dos Santos. Na época, Arthur Phillipe era estudante do ensino médio e técnico (Eletromecânica) e, atualmente, cursa direito na Universidade Federal de Lavras (UFLA).

“Sempre acreditei que o ensino não se dá somente na sala de aula. É preciso um extra, como ter contato com outras metodologias. Eu encontrei isso na iniciação cientifica, pois que tinha uma questão (problema) e precisava encontrar um caminho de solução. É uma experiência que mudou meu jeito de ver o ensino. Vi que ele é feito mais de perguntas do que respostas propriamente ditas”, relata.

Passo a passo

A pesquisa se dividiu em duas etapas, sendo a primeira de levantamento histórico sobre o Enem, considerando contextos políticos e sociais. “O exame é influenciado pelo presidente em exercício, partido que está no poder e ministro da educação. Foi importante estudar o porquê a prova se dava daquela maneira, de acordo como contexto histórico-social. Inclusive, a metodologia de correção e a abordagem das questões – podendo ser perspectivas mais cotidianas ou voltadas ao ensino de sala de aula”, explica o pesquisador.

Arthur Phillipe fez planilhas para tabular as de prova e organizar os dados. Em um segundo momento, analisou efetivamente as questões para analisar estrutura e referência a autores/obras.

O que as questões cobram

Segundo Arthur Phillipe, considerando as duas perspectivas da pesquisa, foi possível concluir que:

– As questões do Enem cobram do candidato entendimento do conteúdo e interpretação dos textos referenciados na prova. Além disso, tratam de linguagem – se é coloquial ou formal – e abordam muito o sentido de determinadas palavras no texto.

– Grande parte das provas insere referências a autores e obras brasileiras do século 20, sendo a maior parte de textos em prosa. A abordagem prioritária é sobre o assunto tratado e a linguagem explorada pelos autores nos textos.

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação.

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