Dentre os desafios de divulgar ciência na atualidade, fake news e desigualdades de gênero são dois destaques dentre os temas mais citados no III Comunicar Ciência, evento promovido nos dias 18 e 19 de outubro, em Portugal.
A conferência contou com a apresentação de trabalhos de duas jornalistas da equipe Minas Faz Ciência, Alessandra Ribeiro e Verônica Soares.
Organizada a cada dois anos pela Universidade da Beira Interior, com sede em Covilhã, a conferência tem por objetivo reunir pesquisadores em torno do tema da comunicação científica.
Os organizadores promoveram encontros entre pesquisadores da Europa e da América Latina, em diversos campos das ciências, incluindo as Humanidades, para refletir sobre o sentido e estatuto da comunicação científica num mundo globalizado e em mudança.
Foram debatidos o futuro das publicações científicas em periódicos. O ponto alto foram as manifestações em defesa da slow science, que prevê não apenas a reconfiguração dos modelos de publicação, em busca de mais qualidade e não quantidade, mas também um olhar mais cuidadoso para o design e a circulação de textos acadêmicos em ambientes digitais.
A palestra sobre o tema foi conduzida por uma das organizadoras do evento, a professora portuguesa Catarina Moura.
Brasileiros em destaque
A conferência deste ano foi dividida em quatro painéis principais: Publicação Acadêmica, Slow Science, Ciência nos Media e Mulheres na Ciência.
Nas mesas de abertura, um dos destaques foi a participação do professor brasileiro André Azevedo da Fonseca, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Além de professor e pesquisador, André é também YouTuber e foi o vencedor da competição Euraxess Science Slam, em 2016, com a apresentação abaixo:
Minas Faz Ciência representado
Duas jornalistas do projeto Minas Faz Ciência tiveram seus trabalhos aprovados para apresentação na conferência: Alessandra Ribeiro e Verônica Soares apresentaram estudos em torno do tema Mulheres na Ciência.
Alessandra propôs uma discussão pautada pela entrevista que será publicada na próxima edição da revista Minas Faz Ciência com a pesquisadora Fernanda Staniscuaski (UFRGS).
Fernanda é uma das organizadoras do Parent in Science, promove discussões sobre maternidade e da paternidade de cientistas. Um dos aspectos mais urgentes em debate é a flexibilização da produtividade acadêmica na licença maternidade.
Já o trabalho de Verônica fez uma análise comparativa entre canais no YouTube de divulgação matemática no Brasil e em Portugal.
Os dois trabalhos tiveram ressonância na mesa final do evento, que apresentou dados sobre as desigualdades de gênero nas ciências em Portugal e os caminhos para promoção da igualdade.
Um dos pontos levantados foi a necessidade de espaços destinados às crianças em eventos acadêmicos, de modo que mais mães e pais possam participar das conferências.
As diferenças salariais e os déficits de mulheres em cargos de chefia também foram colocados em questão.