logotipo-colorido-1

AO VIVO

Divulgação Científica para crianças

plataforma de 1 real

Os clubes de futebol estão muito preocupados em prevenir contusões, lesões musculares, fraturas, dores e desgaste físico dos jogadores. Além disso, aprenderam que há inúmeras possibilidades de melhorar desempenho físico dos atletas unindo esforços multidisciplinares dentro do departamento médico.

A ciência é uma aliada inquestionável quando se pensa em soluções aplicadas ao esporte, por isso os médicos e outros profissionais, que atuam nos times, desenvolvem pesquisas nas universidades e promovem o diálogo entre estudos de várias áreas do conhecimento.

“Nos últimos dois ou três anos, várias modificações aconteceram em relação à preparação dos atletas, principalmente com o objetivo de prevenir lesões e melhorar desempenho. Talvez, classicamente, o enfoque fosse de que um atleta com lesão precisa de tratamento, geralmente dado por um ortopedista. Agora, os departamentos médicos dos clubes têm equipes com ortopedistas, fisiologistas, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas e profissionais de estatística. Os atletas são monitorados e analisados para medir desgaste físico e velocidade média durante um jogo, por exemplo”, explica Dr. Túlio Vinícius Oliveira Campos, presidente da Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional MG (SBOT-MG), que também é professor e pesquisador na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo Túlio Vinícius, esses monitoramentos ajudam a saber os pontos de desgaste muscular de cada atleta. Não é mais novidade que os jogadores usam GPS, acoplado ao corpo durante as partidas, para ajudar a gerar estatísticas sobre movimentação em campo. De acordo com o médico, é possível apontar o momento em que um jogador está prestes a ter uma lesão.

“Em quais épocas os atletas têm mais lesões? No início e no final das temporadas, tudo isso relacionado ao desgaste físico. O futebol hoje tem uma exigência muito maior que no passado. O esporte ficou muito intenso. O calendário também mudou bastante. Tivemos que adaptar a assistência aos jogadores à nova rotina de jogos. Antigamente, um treinador preparava a equipe para jogar apenas aos domingos. Hoje, ele tem 2 jogos na mesma semana”, afirma o médico.

Foto: faungg’s photos

Estudos

As influências do sono e da alimentação na rotina dos atletas podem parecer questões óbvias quando se pensa em melhoria de desempenho. No entanto, é necessário que pesquisas científicas apontem intervenções práticas que possam ser inseridas na rotina dos atletas, visando aperfeiçoamento.

Conforme Túlio Vinícius, há pesquisadores da Escola de Educação Física da UFMG dedicados a estudar a influência do sono no desempenho. “Se uma equipe, como a seleção brasileira, vai jogar no Japão, é bom saber quanto tempo antes os jogadores precisam viajar. É possível determinar, por meio de estudos, quanto tempo o atleta precisará para se adaptar ao fuso-horário, para que esteja no seu melhor desempenho. Pode-se dizer até se é melhor viajar durante o dia ou a noite”, explica o médico.

A mesmo lógica serve para pesquisas que apontam o melhor cardápio para os jogadores no dia de uma partida. O médico exemplifica estudos podem são feitos com metodologias que dividem grupos de atletas: um grupo vai comer duas horas antes do jogo e outro, quatro horas antes. Assim, os pesquisadores monitoram se há alteração de desempenho. “Isso também serve para pensar a composição da dieta. A alimentação dos atletas é muito diferente do que era nas décadas de 1980 e 1990. A ciência contribui mudando essas condutas”, conclui Túlio Vinícius.

De acordo com o médico, os times investem também nas pesquisas em atletas de categoria de base. Grandes clubes, atualmente, mantém um número significativo de jovens jogadores sob intenso monitoramento, pois recebem indicativos de desempenho desse atleta, caso se torne profissional. “A gente consegue fazer estudos dentro das categorias dente de leite, mirim, júnior. São muitos atletas, diferente do profissional que tem um número restrito. Esse investimento na base serve para peneirar atletas e ter um campo de estudo grande, O conhecimento gerado nas pesquisas da base pode ser formatado e aplicado no profissional”, detalha Túlio Vinícius.

Além do Túlio Vinícius, outros membros da SBOT-MG são pesquisadores da UFMG e fazem o intercâmbio entre ciência e futebol. É o caso do presidente da instituição, Robinson Esteves Santos Pires e do componente da Comissão Científica, Daniel Soares Baumfeld. Os médicos reúnem equipes de graduandos, mestrandos e doutorandos da universidade para atuar em pesquisas aplicados ao esporte.

1º Futsbot

No dia 6 de outubro, acontece em Belo Horizonte o 1º Futsbot – Simpósio Multidisciplinar de Profissionais Ligados ao Futebol, promovido pela SBOT-MG. Pesquisadores, ortopedistas, fisiologistas, fisioterapeutas, além de preparadores físicos de importantes times brasileiros vão discutir lesões ortopédicas relacionadas ao futebol, sob as perspectivas de prevenção, monitoramento e tratamento.

De acordo como Túlio Vinícius, é importante discutir esses temas em Minas Gerais, um estado com grande quantidade de clubes de futebol – não somente as equipes da capital. Segundo ele, times que atuam nas séries C ou D também têm departamentos médicos que precisam se conscientizar de que é possível prevenir lesões em jogadores.

Entre os palestrantes estão Dr. Diego da Costa Astur – professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e chefe do Grupo do Joelho do Centro de Traumatologia do Esporte da mesma instituição – e do Dr. Adriano Marques de Almeida – especialista em Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte e médico do grupo de Medicina Esportiva do Hospital das Clínicas da USP.

Também estará presente a Dra. Flávia Magalhães, médica da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, além de médicos do corpo clínico de clubes mineiros (Atlético, Cruzeiro e América). Durante o evento, será realizada homenagem especial ao Dr. Neylor Pace Lasmar, médico da seleção brasileira na década de 1980.

O evento, que acontecerá no Mineirão, é direcionado para médicos, fisiologistas, fisioterapeutas, profissionais de Educação Física e alunos de graduação dessas áreas. Informações sobre inscrições no site do Futsbot.

Luana Cruz

Mãe de gêmeos, doutoranda e mestre em Estudos de Linguagens pelo Cefet-MG. Jornalista graduada pela PUC Minas. É professora em cursos de graduação e pós-graduação na Newton Paiva, PUC Minas, UniBH e ESP-MG. Escreve para os sites Minas Faz Ciência e gerencia conteúdo nas redes sociais, além de colaborar com a revista Minas Faz Ciência.

Conteúdo Relacionado