Delicioso e refrescante no verão, alimento fundamental da dieta dos brasileiros no norte do país, o açaí pode trazer mais benefícios para a saúde do que se imagina. Na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o grupo Nutrição e Genômica Nutricional (Nutrigen), desenvolve pesquisas sobre os efeitos do açaí na saúde humana, com indícios de que a fruta pode contribuir na redução do colesterol ruim (LDL) e aumentar o bom (HDL). O açaí se popularizou no final dos anos 2000, a partir da divulgação de resultados de pesquisas que atestaram seu efeito antioxidante.
Liderado pela professora da Escola de Nutrição (Enut), Renata Nascimento de Freitas, o grupo busca identificar os efeitos da fruta sobre o estresse oxidativo, avaliando se o açaí tem algum efeito sobre os marcadores desse quadro, que decorre de um desequilíbrio entre a produção e a remoção de radicais livres. Esse desequilíbrio provoca uma agressão ao organismo que não é detectada clinicamente, mas que pode desencadear doenças quando aliada a outros fatores, como dieta, falta de atividade física e fatores ambientais.
Alimentos ricos em compostos fenólicos, como é o caso do açaí, têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, e o grupo investiga se o açaí também possui essa particularidade. Para avaliar as consequências do consumo da fruta nesse quadro, a equipe realizou pesquisa com um grupo de mulheres voluntárias que consumiram uma quantidade diária razoável da polpa de açaí por quatro semanas. Pela análise do sangue das voluntárias, foram avaliados marcadores para saber se existiam muitas proteínas ou lipídeos oxidados. “Realmente o açaí parece melhorar o perfil oxidativo dessas mulheres. Nós observamos um aumento da atividade de enzimas que combatem os radicais livres e, por outro lado, diminuição de produtos que são gerados pelos radicais livres”, explica Renata.
A pesquisa demonstrou que o açaí pode auxiliar na prevenção da aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias) ou reduzir danos oxidativos que podem levar a outras doenças. Após o consumo da fruta, as mulheres voluntárias apresentaram um aumento da atividade da enzima paraoxonase, que protege contra a oxidação do colesterol LDL, e a diminuição da oxidação dessa partícula de colesterol. “Podemos sugerir que o açaí tem um efeito interessante nos mecanismos iniciais que desencadeiam a doença aterosclerótica”, aponta Renata. Para confirmar os dados, ainda é necessário desenvolver estudos com pessoas que já tenham a alteração do colesterol.
Com informações da assessoria de comunicação da UFOP.