A ciência brasileira está em crise?
A saúde financeira do Brasil se manteve estável, mesmo quando o mundo passou por uma série crise econômica entre 2008 e 2009. Por tanto, esteve bem para fazer investimentos em negócios. Porém, o crescimento do Brasil não foi apenas na economia. Na ciência também deu um salto. De 2002 a 2008, o país passou de 12.573 para 26.482 publicações científicas em âmbito internacional, uma variação de 110%, de acordo com o Relatório da Uniesco sobre Ciência publicado em 2010. Ponto para nós!
A notícia ruim é que número de pedidos de patentes ainda é baixo, e as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) continuam lentas no setor empresarial, deixando a maior parte do esforço de financiamento (55%) nas mãos do setor público. Além disso, o documento revelou que 63% dos pesquisadores são acadêmicos. Os primeiros passos já estão sendo dados a fim de aproximar as empresas do meio acadêmico, mas muito ainda tem de ser feito. Nesse sentido, Minas, com o apoio da Fapemig tem contribuído de maneira decisiva ao fechar importantes parcerias com instituições públicas e privadas.
A outra preocupação é que o meio científico no país convive com a escassez de profissionais com PhD, sem falar que os pesquisadores estão distribuídos no país de maneira desigual e a produção nacional está concentrada nas mãos de um pequeno número de universidades. De acordo com informações do Instituto Nacional de Propriedade Industrial,o Inpi, de 2000 a 2005, os três maiores detentores de patentes nacionais eram a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em seis anos é possível que essa realidade tenha mudado? Provavelmente. Porém, é um pouco difícil imaginar que o setor empresarial ou que instituições de ensino cravadas nos estados mais pobres façam parte dessa realidade.
Ainda de acordo com o relatório, o governo federal tem conhecimento do problema, tanto que em 2007, criou um Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Brasileiro (2007-2010), cujo objetivo é aumentar os gastos com P&D de 1,07% do PIB em 2007 para 1,5% do PIB em 2010. Outra meta é ampliar o número de bolsas disponíveis aos estudantes universitários e pesquisadores de 102 mil em 2007 para 170 mil este ano. Uma das principais metas é estimular a criação de um ambiente propício à inovação nas empresas, de modo que fortaleça as políticas industriais, tecnológicas e de exportação e aumente tanto o número de pesquisadores ativos no setor privado quanto o número de incubadoras de negócios e parques tecnológicos. Torçamos para que essa seja a nossa realidade daqui pra frente. O desenvolvimento da ciência é essencial para o crescimento do país.
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