A pandemia causada pela Covid-19 colocou em destaque os profissionais de saúde, considerados heróis nesse combate ao coronavírus. Porém, tão necessário como lavar as mãos e manter o isolamento social é a atualização desses profissionais.
Pensando nisso a professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Andreza Werli-Alvarenga, desenvolveu a pesquisa Estratégia de Educação á Distância para a Formação de Profissionais de Saúde no Enfrentamento da Pandemia por Covid-19. O projeto foi aprovado no Programa emergencial de apoio a ações de enfrentamento da pandemia causada pelo novo Coronavírus, da FAPEMIG, e busca capacitar os profissionais de saúde.
De acordo com Werli-Alvarenga, a ideia do curso surgiu a partir da sua vivência no enfrentamento de uma outra doença, a H1N1. “A pandemia do H1N1 foi infinitamente menor, mas já naquela época senti falta de algum curso que me desse informações rápidas e selecionadas”, lembra.
Com isso em mente a pesquisadora reuniu um grupo de docentes de diversas universidades federais, como Minas Gerais (UFMG), São Paulo (USP), Rio de Janeiro (UFRJ), além da Fiocruz e do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre e montou um curso de EAD gratuito para enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, cirurgiões-dentistas, técnicos de enfermagem e radiologia, residentes dessas áreas, professores e alunos de universidades públicas de todo o país.
PRIMEIROS RESULTADOS
O projeto, que já certificou uma turma de 500 alunos e está finalizando o ensino de mais 750 profissionais, rendeu a Werli-Alvarenga o prêmio Nursing Now Brasil (NNB) na área de formação e visibilidade das ações sociais de enfermagem.
“Atualmente, temos uma lista de espera um pouco maior que 6 mil pessoas. Além disso, tivemos uma conversa com a Prefeitura de Belo Horizonte e o curso será ofertado aos servidores públicos de saúde município”, conta.
A pesquisadora informa, ainda, que a Cruz Vermelha de São Paulo também entrou em contato com o grupo para firmar uma parceria para o treinamento dos profissionais dos Hospitais de Campanha paulistas. “O projeto tem crescido e temos tido uma excelente avaliação dos alunos”, comemora.
Confira o site do projeto aqui.
ENSINO A DISTÂNCIA
O curso, totalmente teórico, é composto por sete módulos e em cada etapa há videoaulas que mostram os pontos nos quais os alunos devem ter atenção, uma bibliografia básica e complementar. “Além dos módulos, há mais uma estação que compreende um projeto de extensão chamado Saudar-te nele fornecemos conteúdos de artes visuais, música e dança – produzidos exclusivamente para o curso – para que os profissionais tirem um tempo”, conta.
O EAD utiliza a plataforma Moodle do Centro de Apoio à Educação a Distância da UFMG e foi montado pelo grupo de pesquisadores. Já sobre o sistema de avaliação a professora explica que em cada módulo o aluno faz um pré-teste para direciona-lo na aprendizagem, depois avalia o que aprendeu com um pós-teste.
Além disso, o grupo lançou um e-book do curso, pela editora Atheneu, que em breve sairá em versão física. “Também montamos uma biblioteca onde é possível, que o aluno mesmo após finalizar o EAD, encontre publicações, normas resoluções e diretrizes de entidades científicas selecionadas sobre a doença”, acrescenta.
CUIDADOS ESSENCIAIS
Além dos cuidados com a paramentação dos profissionais de saúde no atendimento aos pacientes – assunto firmemente tratado no curso – o EAD aborda também a saúde mental desses profissionais.
Segundo a professora, a prevenção e o cuidado com o psicológico dos trabalhadores, principalmente no contexto de pandemia, são muito importantes.
“Há vários estudos que mostram o aumento de depressão, transtorno de ansiedade e Burnout nesses profissionais. Ensina-lo a parar e pedir ajuda, pode diminuir as chances de adoecimento. Além de evitar que no final da pandemia tenhamos uma equipe esgotada, porque mesmo quando isso acabar o nosso trabalho não termina”, explica Werli-Alvarenga.
PARA ALÉM DO ENSINO
O projeto, porém, está crescendo e vem desenvolvendo subprojetos que vão além do curso de capacitação.
Segundo a professora, um exemplo é a ação de implantação de um sistema de teleinterconsultoria. “Nesse projeto iremos oferecer consultorias, de segunda a segunda no horário comercial, para profissionais do país todo com professores especialistas em terapia intensiva. Estamos em fase de implantação, mas já temos algumas experiências interessantes”, explica.
Werli-Alvarenga destaca, ainda, que esses subprojetos não visam apenas os profissionais de saúde. Segundo a enfermeira, há também a campanha Conectando vidas Covid-19 que busca doar tablets à hospitais públicos para promover a visita virtual.
“O nosso objetivo é apoiar para que os pacientes tenham esse contato com a família mesmo que virtualmente”, conta a coordenadora.