As dimensões territoriais de MG assemelham-se, em km2, a territórios de países como a Espanha. Devido ao tamanho do estado, é de suma importância que esforços de diagnóstico da Covid-19 cheguem ao interior de Minas. Para que a doença seja combatida com maior eficiência, as Universidades têm sido parceiras estratégicas.
No Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), os trabalhos começaram em meados de abril, quando o Laboratório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (LaDIP) cadastrou-se em chamamento público da Fundação Exequiel Dias (Funed) para auxiliar no diagnóstico de SARS COV-2.
Danilo Bretas de Oliveira, diretor de pesquisa da UFVJM e professor da Faculdade de Medicina, conta que o grupo foi crescendo e o laboratório se adequando para a tarefa: “A participação na realização dos testes mudou completamente a rotina de trabalho, porque paralisamos todas as atividades de pesquisa não essenciais e voltamos nossa força de trabalho para o diagnóstico da Covid-19”, comenta.
Interior de Minas fazendo a diferença
Na UFVJM, estão envolvidas mais de 20 pessoas nessa linha de frente, que se revezam em quatro equipes. “Cada membro tem uma função estabelecida. Temos todo o aparato de biossegurança necessário para o diagnóstico, tanto para segurança coletiva quanto individual”, conta o professor Danilo Bretas.
Dentre os membros da equipe está Kamilla Soares, nutricionista, mestre e doutoranda no Programa Multicêntrico em Ciências Fisiológicas da UFVJM. Ela explica que o grupo está realizando os testes de COVID-19 da cidade de Diamantina e da macro-regional do município, que compreende 31 municípios. “Com nosso trabalho, é possível passar os resultados dos testes de maneira muito mais rápida para as autoridades e a população, já que os testes não precisam mais ser enviados a Belo Horizonte”.
Ela conta estar muito feliz por fazer parte da equipe e poder ajudar em um momento tão complicado para todo o país. “Cada diagnóstico que fazemos é uma pequena contribuição. Acho que posso falar em nome do grupo que cada um de nós está muito feliz em fazer parte desta empreitada”.
Doação de órgãos
Kamilla conta que a realização dos diagnósticos, além de levar um parecer necessário sobre a infecção do paciente, também é importante para dar soluções e prosseguimentos a outros fatores da rotina médica, como a doação de órgãos.
“Há alguns dias, foi possível a realização da doação de 10 órgãos na cidade de Diamantina. Isso não aconteceria se os diagnósticos não estivessem sendo realizados aqui, em função do tempo que levaria para esperar o resultado e considerando que, atualmente, por questões de segurança, não se pode autorizar a doação de órgãos sem a realização dos testes”.
Segundo ela, a equipe responsável por realizar o diagnóstico trabalhou em tempo recorde e, em apenas três horas, possibilitou o gesto da doação para quem precisava.
Para o professor Danilo Bretas, há um sentimento de retribuição envolvido nas ações na luta conta a Covid-19: “É um grande prazer poder contribuir e retornar a sociedade a qualificação que tive em virologia. Toda minha formação foi em instituições públicas. Fomos a primeira universidade a começar os trabalhos e é um grande avanço ter técnicas de virologia molecular no Vale do Jequitinhonha. Assim, a interiorização do conhecimento em virologia é preponderante para a saúde pública”, conclui.
UFOP também ingressa na RedeLab Covid-19
A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) também se cadastrou para fazer parte da rede de laboratórios que auxilia na realização de testes de diagnósticos da Covid-19.
A Universidade terá capacidade para realizar diariamente 200 testes de detecção da doença no Laboratório de Imunopatologia do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas (Nupeb).
O laboratório possui o padrão de segurança biológica nível NB2, o exigido pela Funed para credenciamento e inclusão na Rede, e irá auxiliar o combate à doença em outras regiões do interior de Minas.
Andifes compartilha medidas das Federais pelo país
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) compartilha, em seu site, uma lista com as medidas que as Universidades, por todo o país, têm tomado em relação ao novo coronavírus.
Além da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no interior de Minas, a Federal de Viçosa (UFV), de Juiz de Fora (UFJF), de Uberlândia (UFU) e de Itajubá (Unifei), estão dentre aquelas que criaram grupos de monitoramento e comitês de enfrentamento à pandemia, além de páginas especiais em seus sites com conteúdo informativo e outras ações educativas.
Nesta segunda-feira, 11 de maio, a Andifes também anunciou, em coletiva de imprensa, resultados de um levantamento que contou com a participação de 46 das 67 Instituições de Ensino Superior (IES) do país no combate à Covid-19.
Há pelo menos 823 pesquisas em andamento sobre o novo coronavírus nas IES Federais, e 96 ações de produção de álcool e produtos sanitizantes. Em relação aos testes, há 53 ações em andamento em todo o Brasil, mas os números totais ainda são considerados inexpressivos: 2.600 testes/dia.
Em relação às ações de produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), há nas IES ao menos 104 ações em andamento. Pelas informações parciais, até agora, foram produzidos: 162.964 protetores faciais, 85.514 máscaras de pano, 20.200 unidades diversas, 6.000 aventais e 2.000 capuzes.
Clique aqui e acesse o relatório na íntegra.
Leia também: Laboratórios da UFMG começam a fazer testes de diagnóstico da Covid-19.
Com informações da Assessoria da UFOP.