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O que acontece com a gente quando o sangue para de correr nas veias, e nossos órgãos deixam de funcionar? Para onde vão aqueles que não estão mais aqui conosco? O que acontece quando deixamos de existir?

Falar sobre a morte e lidar com suas consequências não são tarefas fáceis. Até mesmo para médicos e cientistas, trata-se de algo difícil de explicar. Em outras áreas do conhecimento, como a Filosofia e a Literatura, o assunto é muito debatido. Isso porque, apesar de ser um acontecimento certo em nossas vidas, nós a encaramos como algo beeeeem complicado.

Imagine uma tempestade feroz, que chega sem avisar e interrompe, em um dia lindo, a brincadeira no parque. Você fica triste, com raiva, e se frustra. Afinal, terá de  voltar para casa correndo, e com a sensação de que aquilo tudo nunca vai passar. Perder alguém que a gente ama é quase igual essa chuva forte, que surge sem anúncio.

Turbilhão de emoções

Quando perdemos alguém querido, entramos em uma fase de luto, a experiência de quem fica. A própria mistura de sentimentos – tristeza, raiva, saudades etc. – é comum (e importante!) neste período. Tudo faz parte da vida! Todos nós, em um momento ou outro, teremos de lidar com a a dor da perda. Daí o luto, a forma como simbolizamos a partida e dá sentido ao fim. (Ah! Existe a falta, mas há, também, o resto da jornada…)

O processo do luto é dividido em duas etapas: a negação e a aceitação. Mas elas não acontecem uma depois da outra. Tudo se mistura e, muitas vezes, não sabemos exatamente em que fase estamos. Na negação, sentimos uma tristeza imensa. Nessa fase, é importante falar de nossos sentimentos, chorar, buscar o colo das pessoas que amamos. Na aceitação, vem a saudade. É quando o luto passa a fazer sentido. E a tempestade começa a passar, para que os raios de sol voltem a aparecer no céu.

Sentir é importante

Quando perdemos alguém, precisamos entender que não estamos sozinhos. Outras pessoas permanecem, e são elas que nos ajudarão a passar por momento tão difícil. Para aliviar a dor da partida, que tal fazer um desenho bem bonito, criar uma história, uma música ou um vídeo para a pessoa que se foi? Tudo isso pode nos ajudar a manter viva a memória de quem partiu.

Algumas vezes, o luto pode fazer com que a gente fique doente. Por isso, é importante falarmos sempre, para as pessoas de nosso convívio, sobre como estamos nos sentindo. Ficar o tempo todo sozinho, sentir medo de falar dos nossos sentimentos, não ter mais vontade de brincar são sinais de que precisamos de ajuda.

Assim como a tempestade nas tardes de verão, a morte é algo inevitável. Aprendemos que ela marca o fim da vida, mas devemos nos lembrar, também, que ela faz parte da vida. Temos medo dela, é verdade… E há quem passe toda a vida tentando evitá-la. Mas, se encararmos tudo como algo absolutamente ruim, nos esqueceremos de que, para morrermos, é preciso ter muita… vida!

**Esta reportagem contou com a colaboração de Aisllan Assis, professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

Mariana Alencar

Jornalista graduada pela UFMG (2015) e mestre em Textualidades Midiáticas na mesma universidade. Graduada também em Geografia (2011) pela UFMG. Atualmente, integra a equipe do PCCT desenvolvendo reportagens para a revista Minas Faz Ciência e Minas Faz Ciência Infantil.

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Mariana Alencar
Tags: MorteVida

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