“A gente está acostumada na escola a ver um monte de fórmulas e leis científicas. Sempre aprendemos que foi um homem que desenvolveu. Poxa, não tem nenhuma mulher que estudou isso? Quando a gente vai pesquisar descobre que tem muita mulher que desenvolveu essas leis, mas às vezes o nome dela não apareceu. É muito chato isso e a gente quer mudar essa situação. No nosso curso tem muito mais meninos, por quê? Por que as meninas não querem fazer?”, Izabela Andrade, estudante de informática do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).
Izabela Andrade junto com cinco colegas do CEFET-MG e DO Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) decidiram contribuir para ampliar a representatividade das mulheres na área das Ciências Exatas. Elas concluíram que a falta da divulgação dos nomes de mulheres atuando na área é uma das razões que distancia as jovens da profissão. Sendo assim, produziram um site, três jogos e artigo científico para popularizar mulheres cientistas.
A estudante, que está no segundo ano do Ensino Médio, escolheu o curso de informática influenciada pela mãe. Se surpreendeu positivamente quando iniciou os estudos e durante a disciplina de Programação Web, foi convidada pelo professor Daniel Hasan a participar do projeto para divulgar mulheres cientistas.
Também estiveram envolvidas no trabalho as estudantes Júlia Mendonça e Indra Matsiendra, do CEFET-MG. Além delas, as alunas Ana Luiza Milson, Marcella Ferreira e Luísa Laboissiere do IFMG, sob orientação da professora Michele Brandão. A equipe desenvolveu produtos voltados para a divulgação de personalidades femininas, suas vidas e trabalhos. Um dos objetivos é redução das desigualdades de gênero na pesquisa científica, tecnológica e de inovação. O site Elas na Ciência reúne os trabalhos desenvolvidos.
A iniciativa integra o projeto Bytes e Elas (UFMG), que estimula a participação em cursos de Exatas, em especial a Computação. Há outras instituições de ensino envolvidas nesses trabalhos de atrair mais meninas para as áreas de Computação: Colégio Técnico da UFMG (COLTEC), Escola Estadual Governador Milton Campos e Escola Estadual Maria Luiza Miranda Bastos.
“A gente usou basicamente o que aprendeu no primeiro ano do CEFET”, explica Izabela. O trabalho prático foi desenvolvido no período de isolamento social por causa da pandemia do coronavírus. “Tivemos algo para nos impulsionar e incentivar a criar rotina durante a quarentena. Tínhamos um compromisso e isso foi ótimo para mim”, relata a estudante do terceiro ano de administração do IFMG, Luísa Laboissiere.
Segundo a Luísa, foi muito rico interagir com as colegas do CEFET na produção. “Participei selecionando as mulheres que seriam divulgadas, as imagens e na construção dos textos. A parte técnica ficou com as colegas de informática, mas consegui aprender introdução a HTML e CSS, saindo totalmente na minha zona de conforto. Tenho 17 anos e um artigo publicado. Minha família ficou muito feliz com esse meu primeiro contato com a pesquisa”.
Luísa a se sente motivada a divulgar mulheres. “Somos afetadas por um machismo estrutural que nunca incentiva mulheres em áreas de engenharia ou computação”, afirma.
No site, há espaço para a divulgação de mulheres, como a química britânica Rosalind Franklin, responsável pela descoberta da hélice do DNA, e a austríaca Lise Meitner, que descobriu a fissão nuclear, entre outros nomes. Na aba Iniciativas, as alunas publicaram links divulgando outras empresas e instituições que buscam visibilizar a atuação das mulheres na Ciência.
O jogo Ajude Marie desenvolvido por Indra Matsiendra, apresenta ao jogador um pequeno resumo da cientista polonesa Marie Curie. Na atividade, o jogador é convidado a coletar peças que representam o elemento químico Rádio (Ra), durante um período de tempo determinado.
O jogo Quem sou eu , criado por Izabela Andrade, é no formato de quiz. São 10 rodadas, nas quais é necessário adivinhar quem é a cientista a partir das dicas repassadas. A estudante explica a importância de participar de um projeto tão prático. “Isso foi o que mais legal o CEFET agregou para mim. No Ensino Fundamental, nunca tive a chance de participar de um projeto assim. Fazia trabalhos em sala e achava sem graça. Poder fazer algo que vai contribuir com a sociedade e que tem embasamento científico é muito bom. Tenho vontade de estudar fora e as universidades valorizam muito esses trabalhos extracurriculares”.
O Jogo da Memória foi desenvolvido pelas alunas Ana Luiza Milson e Marcella Ferreira. Nele, o usuário deverá, em 60 segundos, associar
corretamente duplas de cartas: uma delas contendo a foto de uma cientista e outra contendo uma breve descrição de suas realizações.
O professor Hasan destaca que as desenvolvedoras foram se superando e se ajudando. “Me surpreendi muito com cada jogo. Eles não são tão fáceis de fazer, pois têm muitos elementos para interagir. Mesmo que usem algum código pronto precisam interpretar, organizar, refinar para ficar sem bugs. Elas foram bem além do que aprenderam na disciplina de Programação Web”.
Por fim, as alunas fizeram artigo científico “Elas na Ciência: Um website com jogos para divulgar personalidades femininas”, aprovado para publicação e apresentação no XV Women in Information Technology (WIT) 2020, evento que traz a discussão de assuntos no âmbito da tecnologia da informação e de gêneros.
“A gente dividiu as tarefas com as seis alunas. Foi um trabalho muito colaborativo e as meninas ficaram super empolgadas. Sobre o artigo, produziram brilhantemente considerando que são do Ensino Médio. Nós, orientadores, somente completamos e revisamos”, explica a professora Michele do IFMG.
As estudantes foram bolsistas no projeto de desenvolvimento do site, jogos e artigo. Mesmo após a finalização das bolsas, continuaram envolvidas na finalização, voluntariamente. O professor Hasan lembra que a temática da valorização da mulher na área da Computação cresce quando cada instituição promove iniciativas de incentivo. Ele citou o Elas.net do próprio CEFET-MG, além do projeto Dama, do IFMG.
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