Quando tinha 12 anos, Yvonne Cagle brincava de se esconder no topo de uma árvore, no quintal de sua casa, nos Estados Unidos, para nunca ser achada durante as brincadeiras de pique-esconde.

Durante o evento She’s Tech, realizado em Belo Horizonte na última semana, ela contou que essa estratégia do esconderijo na árvore era infalível, porque as pessoas que procuram costumam olhar para os lados e para baixo, mas nunca para cima.

Afinal, quem disse que crianças podem voar?

Lá do alto da árvore, Yvonne observava o céu e as estrelas quando seu pai a chamou para dentro de casa.

Contrariada, mas obediente, ela desceu e entrou na sala para se deparar com uma imagem que jamais esqueceria: havia um homem pisando na Lua!

Buzz Aldrin em solo lunar / NASA

Aquela noite em que Yvonne olhava as estrelas era 20 de julho de 1969 e, no momento em que viu as imagens dos homens na Lua, ela sabia que seu destino estava traçado.

Por anos e anos, Yvonne dedicou-se a se tornar uma profissional exemplar.

Tornou-se Coronel das Forças Aéreas Americanas, cientista, médica e astronauta!

Para quem, como ela, sonha em viajar além do céu, ela tem muitas palavras de incentivo:

Nós somos uma voz diversa, temos uma visão diversa sobre o mundo, vivemos em um universo diverso. Do espaço, não vemos fronteiras, vemos pontes!

Quando perguntada sobre o que ela pensa sobre a participação de meninas e mulheres na tecnologia, ela demonstrou todo seu apoio:

Eu não consigo não pensar em meninas e mulheres participando da ciência e tecnologia! Este é nosso lugar. Ciência e tecnologia se beneficiam de um ambiente diverso. Precisamos ocupar esses espaços!

Vamos até Marte?

Uma foto diretamente de Marte, publicada no Twitter @NASAInSight / Reprodução

Esta semana, a NASA está na maior expectativa para levar os sonhos da Dra Yvonne e de vários outros astronautas mais longe.

É que nesta segunda-feira, dia 26, a sonda Mars InSight estava programada para chegar em solo marciano. E conseguiu aterrissar lá!

Essa nave espacial não tripulada (ou seja, não havia humanos dentro dela)  foi lançada há quase sete meses e percorreu 482 milhões de km até o Planeta Vermelho.

O objetivo dessa missão é começar a preparar o terreno para que, dentro de alguns anos, a NASA possa enviar exploradores humanos para Marte.

Este pouso em Marte é o primeiro desde 2012, quando o explorador Curiosity da Nasa pousou na superfície e analisou as rochas em busca de sinais de vida que possa ter habitado o planeta vizinho da Terra, agora gélido e seco.

Em sua palestra em Belo Horizonte, a Dra. Yvonne Cagle contou que a expectativa é que os homens cheguem a Marte em 2035. A  viagem até lá pode durar cerca de nove meses.

26 de novembro, um dia histórico para a exploração do Planeta Vermelho. Imagem: Ilustração da a sonda Mars InSight Reprodução / NASA

Mas por que enviar humanos ao espaço se robôs já conseguem chegar lá?

Foto oficial da Dra. Yvonne Cagle como astronauta da NASA / Divulgação

A Dra. Yvonne Cagle contou em sua palestra que, no Espaço, o corpo humano sofre efeitos semelhantes ao envelhecimento, como a perda óssea e enfraquecimento muscular.

Por isso, as viagens para lá são muito importantes para a realização de pesquisas inovadoras na Medicina, por exemplo:

“É um ambiente rico para estudos promissores sobre o corpo humano, nossa saúde e nossa capacidade de sobrevivência em condições difíceis“, contou a astronauta.

“O espaço não é só um destino. Para nós, cientistas e astronautas, ele é uma plataforma de demonstração. Quando olhamos para as estrelas, podemos apenas imaginar quantas soluções encontraremos para a vida na Terra”, disse Yvonne Cagle

O que os cientistas e astronautas da NASA aprendem no espaço muda a nossa vida e pode melhorar a nossa existência na Terra.

Esse processo de aprendizado, com toda a complexidade da pesquisa, não pode ser realizado só por robôs:

“Máquinas e robôs podem aprender, mas apenas humanos podem ansiar por aprender. Só o coração humano pode escrever poesia! Só os humanos podem se inspirar e mudar a vida para melhor”, Yvonne Cagle.