Olhe para a imagem acima. Você vê um pato ou um coelho?

Em texto publicado na revista digital Aeon, aprendemos que a imagem de coelho-e-pato acima é uma das mais icônicas da filosofia.

Mas o que é filosoficamente significativo sobre essa imagem?

O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein usou uma imagem de coelho-e-pato em suas investigações para ilustrar o que os filósofos chamam de percepção de aparência:

  • A imagem pode ser vista de duas maneiras – um pato ou um coelho.
  • A maioria de nós pode percorrer essas duas maneiras vendo isso.
  • Isso quer dizer que podemos ver de dois modos: “Agora é um pato e agora é um coelho“.

Wittgenstein fornece muitos outros exemplos desse tipo de “mudança de aspecto”.

Por exemplo, você pode ver os quatro pontos abaixo como dois grupos de dois pontos, ou um grupo de dois pontos flanqueados por um ponto de cada lado.

Tente alternar entre ver os pontos em cada uma dessas duas maneiras:

Você também pode ver a disposição das linhas abaixo como um cubo orientado para um lado, depois o outro:

O Cubo de Necker (1832) / Louis Albert Necker.

O que é filosoficamente significativo sobre esse tipo de experiência?

Uma questão interessante que essas imagens levantam é: o que acontece quando o aspecto muda?

O que acontece quando passamos de uma caixa orientada para um lado para uma caixa orientada para outra?

Claramente, não é a imagem na página, nem na parte de trás da sua retina, que muda. A imagem permanece a mesma.

A mudança, parece, está em você. Que tipo de mudança é essa?

Uma maneira de explicar essa mudança é em termos de uma mudança para uma imagem interna privada.

A imagem na página permanece inalterada; é a sua imagem interna – a que está diante da sua mente, por assim dizer – que mudou.

Mas Wittgenstein rejeita essa explicação.

(As coisas não são fáceis na filosofia…)

Outra razão pela qual as mudanças na percepção do aspecto podem ser consideradas filosoficamente significativas é que elas chamam a atenção para o fato de que vemos aspectos diferentes o tempo todo, embora geralmente não percebamos que estamos fazendo isso.

Por exemplo, quando vejo uma tesoura, não a vejo como uma mera coisa física – percebo imediatamente que essa é uma ferramenta com a qual posso fazer várias coisas.

Ver o objeto tesoura é algo que faço sem pensar, involuntariamente.

Por outro lado, alguém totalmente não familiarizado com o conceito de uma tesoura não conseguirá ver o objeto dessa maneira. Eles podem ver a tesoura sobre a mesa, é claro – mas não podem ver “como uma tesoura”.

“Ver como” depende do conceito. A que serve uma tesoura?

“Ver como” é um tópico filosoficamente rico que se conecta – e pode ajudar a esclarecer – muitas questões centrais na filosofia: questões sobre a natureza da percepção, sobre o que é apreender o significado e sobre o seguimento de regras.

Observa o seu dia e sua rotina e comece a se perguntar o que tem feito você ver o mundo do jeito que você vê!

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Via Aeon / Tradução nossa / Texto de Stephen Law editado por Nigel Warburton.

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