Você já assistiu a este vídeo incrível que mostra os traçados da bailarina no ar? As imagens nos fazem pensar na leveza e perfeição dos movimentos. Também nos deixam impressionados sobre como o corpo dessas dançarinas precisa estar preparado para o “estica e puxa” musical. É fundamental a mistura entre força e flexibilidade muscular, por isso, o alongamento é um exercício prioritário para as bailarinas. Se você faz balé, sabe muito bem disso!

Durante o alongamento, ocorre o estiramento das fibras musculares, que têm o seu cumprimento aumentado, gerando elasticidade e prevenindo lesões. Com o objetivo de entender o comportamento muscular durante o alongamento, um grupo de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu um aparelho capaz de descrever o comportamento dos músculos posteriores da coxa durante esse exercício.

Os cientistas querem entender direitinho como o corpo reage ao ser alongado. Assim, o equipamento mede o quanto o músculo estica e indica se a pessoa, que está fazendo a atividade, sente dor. Para coletar essas informações da musculatura, são colocados sensores na perna de quem realiza o movimento. Os dados são enviados para um programa de computador que gera o relatório.

Saiba que os músculos dos dançarinos têm maior capacidade de esticar? Foto: Dubna Fantazia ballet/Flickr

Saiba que os músculos dos dançarinos têm maior capacidade de esticar? Foto: Dubna Fantazia ballet/Flickr

De acordo com pesquisadores, o aparelho permite aos especialistas – educadores físicos, médicos e fisioterapeutas – indicar exercícios mais individualizados para as pessoas. Conhecendo o comportamento do músculo, é possível melhorar treinamentos e tratamentos de lesões.

Cientista bailarina

Uma das cientistas que participou do desenvolvimento do aparelho é Barbara Pessali Marques, que também é bailarina. Atualmente, ela estuda na Inglaterra onde continua pesquisando o comportamento muscular durante exercícios de alongamento, tão comuns na prática do balé.

“A Inglaterra é referência nas Ciências da Dança, área ainda pouco estudada no Brasil. Esse campo da pesquisa é fundamental para garantir a saúde dos bailarinos, além se constituir em novo nicho de atuação para pesquisadores”, conta.

Barbara Pessali teve a ideia de estudar os exercícios de alongamento porque durante a formação como bailarina percebeu dificuldades dos professores sobre essa questão do estiramento muscular.

“Percebi que a literatura científica sobre preparação física para bailarinos era quase inexistente. Decidi, então, que a melhor forma de obter as respostas que eu tanto queria era estudando o tema. Eu pesquisava e testava os exercícios, buscando compreender porque o corpo dos bailarinos funcionava de forma diferente”, relata.

Aparelho em teste na UFMG. Foto Gui Cunha/Divulgação Assessoria de Imprensa da UFMG

Aparelho em teste na UFMG. Foto Gui Cunha/Divulgação Assessoria de Imprensa da UFMG

Bailarinos em teste

O equipamento da UFMG foi testado em 46 pessoas, sendo 23 bailarinos profissionais, que já possuíam maior capacidade de alongamento muscular. A outra metade era de pessoas que não tinha o costume de realizar esse tipo de exercício.

Os testes comprovaram que os músculos se comportam de maneira diferente nos dois grupos. Os músculos dos dançarinos têm maior capacidade de esticar. Os dançarinos começam a sentir dor no alongamento muito mais tarde do que os outros participantes da pesquisa.

E aí, você é alongado como bailarinos? Já contamos aqui no Minas Faz Ciência Infantil a importância da atividade física, inclusive alongamento. Conta para gente o que você faz!

Benefícios dos alongamentos:

-relaxam o corpo;
-deixam os movimentos mais soltos e leves;
-previnem lesões musculares;
-preparam o corpo para atividades físicas;
-ativam a circulação.

Para aguentar o “estica e puxa” musical, é fundamental a mistura entre força e flexibilidade muscular. Foto: Tommy Wong/Flickr

Para aguentar o “estica e puxa” musical, é fundamental a mistura entre força e flexibilidade muscular.
Foto: Tommy Wong/Flickr