O aproveitamento de resíduos é uma das soluções sustentáveis que diminuem o impacto ambiental de materiais que poderiam levar centenas de anos para se decompôr.
Um projeto inédito desenvolvido pela estudante Nayra Diniz Nogueira em seu mestrado em Engenharia de Biomateriais na Universidade Federal de Lavras (UFLA) utiliza como matérias-primas resíduos de sacolas plásticas e de bagaço de cana para produzir placas de MDP, sigla para Medium Density Fiberboard (um painel de fibra de média densidade).
A cana-de-açúcar é uma das principais culturas do mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unida para Alimentação e Agricultura (FAO). Brasil e Índia, juntos, são responsáveis por pouco mais da metade da cana produzida mundialmente, fato que gera uma grande preocupação com a destinação dos resíduos. O bagaço de cana ainda é um resíduo mal aproveitado no País. Na indústria, apenas parte do bagaço é queimado nas caldeiras, gerando energia elétrica, que é utilizada pela própria usina.
Além da questão ambiental, um dos objetivos do projeto foi suprir a necessidade de matéria-prima na indústria de móveis, com a produção das placas de MDP de bagaço de cana proveniente de uma cachaçaria de Lavras. O plástico foi obtido em uma indústria de Divinópolis.
O resultado foi um produto novo, com propriedades diferenciadas em um processo simples e de baixo custo. Rafael Farinassi Mendes, professor do Departamento de Engenharia (DEG) da UFLA, que trabalha há 12 anos com este material, garante que os painéis podem ser comercializados.
Como foi feita a pesquisa?
No experimento, as partículas de bagaço de cana foram avaliadas quanto às suas características anatômicas, químicas e físicas e as partículas de sacola plástica foram avaliadas quanto às suas características físicas.
Os painéis que foram produzidos com 15% de resíduo plástico apresentaram os melhores resultados para as propriedades físico-mecânicas avaliadas.
De acordo com o professor Rafael, no painel, o plástico funciona como um adesivo e diminui o inchamento causado pelo bagaço de cana, fazendo com que o produto final, inclusive, seja indicado até para uso em banheiros!
Confira o vídeo em que os pesquisadores explicam a pesquisa:
Com informações da assessoria de imprensa da UFLA.
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