Notícia triste esta semana. Morreu, aos 45 anos, Sudan, último rinoceronte-branco do norte macho do planeta. Ele teve uma infecção na pata traseira e, por causa da idade avançada, não conseguiu se recuperar. Os veterinários optaram então por colocar fim ao seu sofrimento, praticando a eutanásia (morte assistida).

Com sua morte, restam apenas fêmeas de sua espécie, o que praticamente significa a extinção de uma raça.

Na década de 1970, quando Sudan passou a viver em uma reserva ambiental, existiam cerca de 500 exemplares de rinocerontes-brancos do norte. Hoje, são apenas dois exemplares. Já no sul do território africano, as campanhas para preservação do animal deram certo. Existem mais de 20 mil animais.

Por causa do chifre valioso, os rinocerontes do norte foram exterminados nos últimos anos. Sudan vivia cercado por guardas armados, protegido como uma preciosidade.

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Mas o que significa a extinção de uma espécie animal para a humanidade? E o que a ciência pode fazer para rever este processo?

Algumas pessoas podem se perguntar se a extinção não seria um processo natural, como o que aconteceu com outras espécies na história do nosso planeta. A questão é que, conforme opina o editor de Ciências da BBC,  “como espécie mais poderosa do planeta, temos o dever de não obliterar (anular) outras, especialmente se isso acontece por pura falta de cuidado.”

Em outras palavras, sentirmos responsabilidade pela sobrevivência de espécies mais fracas seria um indicador de civilização.Um argumento final, que eu acho poderoso, é que somos a primeira espécie a adquirir o conhecimento de que cada coisa viva tem, em seu âmago, seu DNA. Todos compartilhamos isso. (David Shukman)

Na opinião do professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Jose Eugênio Cortes Figueira, a morte de Sudan “foi uma grande perda para o nosso planeta,  a não ser que as novas técnicas de fertilização in vitro, por exemplo, consigam trazê-los de volta.”

Desde 1900, acredita-se que cerca de 70 mamíferos tenham sido extintos, juntamente com cerca de 400 outros tipos de vertebrados.

Os cientistas trabalham com duas possibilidades para tentar reverter o processo de extinção desta espécie de rinoceronte. Primeiro, uma equipe de cientistas alemães, juntamente com especialistas internacionais, está tentando cultivar um embrião in vitro (no laboratório), utilizando óvulos das duas fêmeas restantes no planeta e o esperma congelado de Sudan.

Quando o embrião estiver maduro o bastante, será transplantado para o ventre de um rinoceronte-branco do sul, para que aconteça a gravidez e nasça o filhote. Porém, esta possibilidade traz problemas de compatibilidade e parece ser pouco sustentável em longo prazo.

A segunda tentativa, esta sendo desenvolvida no Japão. Seu objetivo é transformar células da pele dos animais vivos e de amostras de tecido mantidas em armazenamento em células capazes de reproduzir filhotes saudáveis. Este, no entanto, é um processo longo, ainda em estudos e muito caro.

Além disso, muitas pessoas criticam o fato de que se os cientistas conseguirem trazer de volta uma espécie extinta, passarão uma mensagem negativa, de que não há problema em levar uma espécie à extinção, uma vez que ela pode ser revertida. Por este caminho, não estaríamos educando as pessoas para a importância de se preservar todas as vidas em nosso planeta Terra, o único que temos.

E você, o que acha?

O professor José Eugênio indica um vídeo que, segundo ele “nos conduz a profunda reflexão sobre nossa grande responsabilidade com nosso planeta: um texto escrito e lido pelo brilhante astrônomo Carl Sagan, um grande ser humano.”