Quantos idiomas você domina? Português, com certeza! (Ou não conseguiria ler este texto, não é, mesmo?).
No mais, inglês ou espanhol, talvez, pois a gente pode aprender no colégio ou em cursos particulares. Mas… e Libras?
Não conhece? Então, vai se surpreender! Afinal, é a sigla para a “Língua Brasileira de Sinais”, oficialmente reconhecida, em 2002, como nosso segundo idioma.
E não é que, três anos depois, um decreto – documento para regular as regras que precisamos seguir – estabeleceu que a Libras deveria ser disseminada no País, para que mais pessoas pudessem “falar” por meio dela?
Essas aspas aí no verbo querem destacar algo superlegal: a Língua Brasileira de Sinais não depende da voz, mas das mãos, e, por exemplo, das expressões do rosto.
Quê?! Explico melhor: a Libras é usada na comunicação de pessoas surdas, cidadãos considerados bilíngues, pois, com base nos sinais, também aprendem a língua portuguesa.
Símbolos
A professora Michelle Nave Valadão, do Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa (UFV), conta que as crianças surdas – assim como aquelas que podem ouvir – aprendem um idioma ao compreender linguagens diferentes, ao desenvolver habilidades cognitivas (formas de o cérebro organizar o modo como a gente deve pensar, lembrar etc.), e ao reconhecer símbolos e coisas abstratas.
“Ouvintes aprendem a falar em contato com pessoas que falam, ao conversar e ouvir o nome das coisas. O processo é de associação: a gente escuta e percebe a relação entre palavras e objetos”, explica Michelle, ao lembrar que, com as pessoas surdas, a situação é a mesma: “Elas visualizam sinais e associam às coisas. Por isso é tão importante que as pessoas usem Libras”.
Sentimentos
A Língua Brasileira de Sinais é como qualquer outra, mas, ao invés de aprendê-la por meio da voz e do som, a gente recorre à visão e à noção de espaço.
Os surdos se comunicam com sinais que surgem da combinação de gestos com as mãos, movimentos e pontos de articulação (locais, no espaço ou no corpo, onde os sinais são feitos).
As expressões faciais e corporais também são muito importantes, pois ajudam a transmitir sentimentos que, para os ouvintes, aparecem na entonação da voz.
Aprender Libras é como estudar outro idioma, descobrir uma cultura ou se aventurar por outras formas de comunicação!
Esse texto foi originalmente publicado na Edição Especial da Revista Minas Faz Ciência para Crianças. Clique aqui e leia a versão digital da revista.
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