Crianças cegas aprendem da mesma forma que outras crianças, mas, para elas, o TATO é um elemento muito mais importante nesse processo. Quem nos explicou isso foram as professoras Paula Branco Morais e Adriana Gomes Dickman, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

As crianças cegas precisam ser estimuladas na escola para que desenvolvam seus outros sentidos, como tato e audição, e, assim, possa interagir com o ambiente. Essa estimulação tátil é fundamental para a aprendizagem do Sistema Braille.

O que é o Sistema Braille?

Mão tocando texto em braille

A palavra francesa ‘premier’ em sistema braille, que significa ‘primeiro’, em português. Foto de Christophe Moustier via Wikimedia Commons.

É um código criado pelo francês Louis Braille, no século XIX. Ele perdeu a visão aos 3 anos e criou o sistema aos 16.

O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, que resultam da combinação de pontinhos.

Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e sinais de pontuação. Ele é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo.

Braille no Brasil

O Brasil conhece o Sistema Braille desde 1854, data da inauguração do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, chamado, à época, Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

Fundado por D. Pedro II, o instituto já tinha como missão a educação e profissionalização das pessoas com deficiência visual e funciona até os dias de hoje.

O sistema Braille não foi a primeira iniciativa que permitia a leitura por cegos. Havia métodos com inscrições em alto-relevo, normalmente feito por letras costuradas em papel, que eram muito grandes e pouco práticos.

Quais as maiores dificuldades dos estudantes cegos?

As professoras explicam que o maior desafio para os estudantes que não enxergam são as barreiras atitudinais: muitas pessoas ainda impedem que essas crianças e jovens tenham acesso aos espaços de ensino, por exemplo.

“O fundamental é a adaptação de material, que deve ter relevo e textura, e de metodologia, como a audiodescrição e o atendimento individualizado, para que cada aluno tenha uma aprendizagem significativa”, conta a professora Paula.

Essa é a Dorinha, personagem cega da Turma da Mônica. Ela reconhece seus amigos pela voz e pelo cheiro. Ela surpreende os amiguinhos com suas habilidades e sentidos aguçados como o tato, a audição e o olfato.

Essa é a Dorinha, personagem cega da Turma da Mônica. Ela reconhece seus amigos pela voz e pelo cheiro e surpreende os amiguinhos com habilidades e sentidos aguçados como o tato, a audição e o olfato.

Os materiais de estudantes que não enxergam devem ser todos adaptados, com transcrição de material para o braille. Já a audiodescrição é um recurso que, embora pouco utilizado, é uma ferramenta muito importante para a aprendizagem dos estudantes cegos.

“Existem muitos programas, softwares e scanners que digitalizam o texto e convertem em áudio para diminuir o tempo gasto para produzir o mesmo texto em braille”, conta Paula.

Trabalhos em dupla ou em grupo também são importantes para o entrosamento da criança cega com os demais colegas, elevando a autoestima e promovendo para quem enxerga a oportunidade de exercitar e desenvolver sentimentos e atitudes como paciência e inclusão.

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Com informações da Nova Escola.