Quando começa uma tempestade você já fica com medo do barulho do trovão? Fica receoso de um raio cair na sua cabeça? Mas onde será que caem mais raios no Planeta e qual o real risco que eles oferecem?
Um levantamento divulgado em 2016 identificou os 500 pontos da Terra com maior número de descargas elétricas atmosféricas. O número um da lista é o Lago de Maracaibo, que fica na Venezuela. Esse estudo também identificou que nessa região ocorrem, a cada ano, uma média de 232 raios por km².
Os pesquisadores, liderados pela meteorologista Rachel Albrecht, professora do Departamento de Ciências Atmosféricas na Universidade de São Paulo (IAG-USP), usaram dados coletados de 1998 a 2013 pelo satélite Tropical Rainfall Measuring Mission, da Nasa, a agência espacial norte-americana.
Embora o ponto do planeta com maior densidade de raios (número de raios por km2 por ano) esteja na América do Sul, a região com o maior número de locais com muito raios é a África. Dos 500 locais analisados, mais da metade (283) está no continente africano. Os continentes seguintes são a Ásia, com 87 pontos com alta incidência de raios, a América do Sul (67) e a América do Norte (53). A Oceania é o continente com menos pontos, apenas 10.
No Brasil, caem 50 milhões de raios por ano e a explicação é geográfica: é o maior país da zona tropical do planeta – área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades e de raios.
A região entre Coari e Manaus é a região que mais tem raios do Brasil. A região amazônica deverá ter um aumento na incidência do fenômeno nas próximas décadas.
Como se formam os raios?
Esse infográfico desenvolvido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) explica bem a formação dos raios:
Para saber se um raio caiu perto de onde você está, é até bem fácil. Isso porque a luz produzida pelo raio chega quase instantaneamente à visão de quem o observa.
Já o som (trovão) demora um bom tempo, pois a sua velocidade é menor. Para obter a distância aproximada da queda do raio, em quilômetros, basta contar o tempo (em segundos) entre o momento em que se vê o raio e se escuta o trovão e dividir por três.
Embora o som ensurdecedor de um trovão assuste a maioria das pessoas, em geral ele é inofensivo. Contudo, o deslocamento de ar pode derrubar uma pessoa que esteja muito perto do local de incidência do raio, podendo até causar sua morte.
Raio, relâmpago e trovão! Entenda a diferença:
- Relâmpagos são todas as descargas elétricas geradas por nuvens de tempestades, que se conectam ou não ao solo.
- Raios são somente as descargas que se conectam ao solo.
- Trovão é o som produzido pelo rápido aquecimento e expansão do ar na região da atmosfera onde a corrente elétrica do raio circula.
Um raio pode atingir diretamente uma pessoa?
De acordo com pesquisadores do INPE, a chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo em média menor do que 1 para 1 milhão. Se a pessoa estiver em uma área descampada embaixo de uma tempestade forte, esta chance pode aumentar em até 1 para mil.
Entretanto, não é a incidência direta do raio a maior causadora de mortes e ferimentos. Geralmente são os efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários dos raios que trazem risco. As descargas também provocam incêndios e queda de linhas de energia.
Se uma pessoa for atingida por um raio, a corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória. Grande parte dos sobreviventes sofre por um longo tempo de sérias sequelas psicológicas e orgânicas.
Referências:
- ALBRECHT, R. et al. Where are the lightning hotspots on Earth? Bulletin of the American Meteorological Society. on-line. 17 fev. 2016.
- INPE
- Revista Pesquisa Fapesp.
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