Está vendo este pequeno território em vermelho na imagem acima? Chama-se Timor-Leste e é um dos países mais jovens do mundo.

Ocupa a parte oriental da ilha de Timor, no Sudeste Asiático. Com quase 15 mil quilômetros quadrados, Timor-Leste tem superfície menor que o menor dos estados brasileiros, Sergipe.

O tétum e o português são as duas línguas oficiais do país, enquanto o indonésio e a língua inglesa são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição de Timor-Leste.

Existe muita pobreza no Timor-Leste e cerca de 50% da população ainda é analfabeta.

Mesmo com problemas social, assim como no Brasil,  existem boas escolas neste pequeno país, que ensinam ciência para jovens sonhadores.

Uma destas instituições de ensino é Escola Portuguesa de Dili.

A ciência como desafio

Ano passado, uma  professora chamada Ana Paula Silveiro lançou um desafio aos alunos do curso de Ciências e Tecnologias: participarem de uma competição mundial para estudantes do ensino médio, promovida pelo famoso Centro Europeu de Física de Partículas (CERN), que fica em Genebra, Suíça.

Os alunos Amélia Luís, Elizabeth Cruz, Maria Cláudia Rodrigues, Maria José Sarmento, Carolina Viegas e Tomás Inácio se reuniram em uma equipe chamada “Team Lorosae”.

A partir de um feixe de partículas obtido no maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Large Hadron Collider), o grupo estudou as leis e as técnicas para criar uma proposta experimental que testasse suas próprias ideias e lhes permitisse descobrir coisas novas.

Segundo a professora Ana Paula, eles “imaginaram o que não sabiam, o que nunca tinham visto. Neste processo de investigação, tiveram muitas discussões e fizeram especulações, no sentido de discutir ideias sem base em qualquer trabalho experimental ou matemático anterior, mas sim com base em ideias nascidas da sua formação pessoal e fruto das suas convicções sobre o mundo microscópico da Física de Partículas.”

Destes estudos, nasceu projeto “Discovering the Bragg peak in water”. A proposta destes alunos foi para a utilização de um feixe de luz positivo, de energia constante, para determinar a distância percorrida em um dado material (água) até a deposição total da respectiva energia. Com esta experiência, os alunos pretendiam contribuir para os estudos das radiações na eliminação dos efeitos de tumores cancerosos.

A professora explica que a medição do “Bragg Peak” significa perceber como utilizar um feixe de partículas para fazer coincidir o máximo de deposição de energia com a localização do tumor em um corpo humano, com o objetivo de destruí-lo.

“Como não era possível utilizar material biológico no CERN, os alunos escolheram a água como simulador do corpo humano”, detalha Ana Paula.

As alunas Maria José e Maria Cláudia, falam sobre a proposta.

Viagem à Suíça

Embora não tenham vencido a competição, o “Lorosae Team” ficou entre os 29 finalistas de um total de 151 equipes, de 37 países, tendo sido agraciado com a menção de alto louvor – “status higliy commended”.

“O reconhecimento do mérito do seu trabalho por uma instituição científica tão importante quanto o CERN é mais um exemplo de como, por vezes, as descobertas da ciência têm a ver simplesmente com o desejo de conhecer e de aplicar a inteligência individual na resolução de um problema qualquer” (ANA PAULA SILVEIRA, professora da Escola Portuguesa de Dili)

Como resultado da conquista, o grupo recebeu o convite para realizar uma visita de estudos ao CERN, o que aconteceu este ano. Maria José e Maria Claudia estavam na equipe que viajou à Suíça. Elas foram patrocinadas pela Ordem de Malta, uma instituição de origem católica, que mantém, no Timor-Leste, um programa de bolsas de estudo para estudantes carentes.

As duas contam o que esta experiência significou em suas vidas.