Sete mil quilos distribuídos em um corpo com treze metros de cumprimento e quase seis de altura. A medida da cabeça chega a um metro e os dentes têm quase 20 centímetros cada um. Esse é o perfil do animal mais famoso da pré-história, o Tirannosaurus Rex. As informações foram comprovadas por meio dos fósseis já encontrados, e estudados, até hoje, em vários países do mundo.
A cara de mau, o formato dos músculos e os olhos ferozes do dinossauro só aparecem nos livros e nas revistas, da forma como conhecemos, porque um ilustrador se aventurou a retratar a espécie para tentar recuperar suas características.
E tem gente que faz uns desenhos que parecem até foto, viu?! Para trabalhar como ilustrador científico, é preciso juntar três coisas: arte, ciência e técnica. A veia artística aparece na beleza dos desenhos. Já a ciência se encarrega de fornecer as informações necessárias ao desenho do objeto estudado. Por fim, as técnicas são as regras a serem seguidas para que os traços fiquem mais parecidos com a realidade. Ah! Mas os ilustradores não desenham só dinossauros, não.
Eles também atuam na Botânica, na Biologia, na Engenharia e em várias outras áreas do conhecimento. Ilustradores científicos podem, por exemplo, se dedicar ao projeto de uma casa, aos desenhos mecânicos que explicam a maneira como os motores funcionam e à representação da raiz de uma planta, de uma pequenina célula ou apenas de partes dela. A ilustração, como a gente vê nos livros da escola, pode ser narrativa ou descritiva, explica a professora e ilustradora Rosa Alves, da UFMG (a Universidade Federal de Minas Gerais).
“A ilustração descritiva mostra como é o bicho ou a planta. Já na narrativa, a gente vê como eles interagem com o meio ambiente”.
A Rosa, aliás, tem um papel importante na trajetória da ilustração científica aqui no nosso Estado. Ela trabalha há dez anos na UFMG e já formou centenas de alunos, que, hoje, estão por aí, pesquisando, desenhando e garantindo que nossa história possa ser vista e conhecida por muitos e muitos anos.
Tamanduás e mariposas
E não é que existem pessoas que, desde cedo, já se interessam por isso? Foi assim com a Enaile Dias Siffert.
“Quando eu era criança, gostava de desenhar, adorava as aulas de ciência e sonhava em ser paleontóloga”, lembra.
Ela acabou se tornando advogada, e, depois de alguns anos, resolveu se dedicar ao desenho. Depois de um monte de cursos, de muito treino, e com a ajuda da professora Rosa, tornou-se uma ilustradora científica, com trabalhos expostos no Brasil e no exterior.
O desenho do tamanduá, abaixo, concorreu ao prêmio Il.lustraciència, organizado pela Associação Catalã de Comunicação Científica, na Espanha. A exposição reuniu trabalhos de ilustradores de todo o mundo. “Gosto muito de ilustrar mamíferos. Por isso, tenho preferido usar lápis de cor, técnica que facilita na hora de desenhar os pelos”, explica.
Já Marco Antonio Anacleto é formado em Artes Visuais e passou oito anos na Escola de Veterinária, pois os cientistas precisavam de um desenhista por lá. Depois, se especializou em ilustração científica. Ele conta que começou a trabalhar atendendo aos pedidos dos pesquisadores, que precisavam de ilustrar seus estudos acadêmicos.
“Os pedidos chegam e a gente se envolve, se apaixona. Aí, começa a jornada de pesquisa. Saímos do campo do deslumbramento para o da análise e entramos, cada vez mais, no íntimo da espécie retratada, seja ela uma planta ou um animal”, esclarece.
O ilustrador precisa ter muito cuidado para usar as informações corretas, além de pesquisar e estudar mais e mais. Afinal, ele vai traduzir em imagens a descrição que está no texto. Marco se diverte ao contar que muitas ilustrações acontecem quando menos se espera. Foi assim com certa mariposa. Ele estava na casa de parentes, no interior, quando se encontrou com ela e se encantou. Era um bichinho todo peludinho e com dois centímetros de comprimento.
“Parei o que estava fazendo e me aventurei a desenhar a mariposa. Fiz o mapeamento dos padrões do corpo, observei a distribuição das cores, a posição das asas e das antenas”, diz.
Passaram-se três meses de muitas tentativas e testes… Foi um longo tempo para que fossem definidas as cores e o material a ser usado. Até que, um dia, tudo ficou pronto. E lindo! E não é que o desenho do Marco foi bater asas na Espanha, também? É verdade: a mariposa dele foi fazer companhia ao tamanduá da Enaile, lá no Il.lustraciència.
E agora é com você! Faça seu desenho e envie para [email protected]
Por: Marina Mendes
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