O universo é mesmo uma caixinha de surpresas! Você sabia que chove na maior e mais quente estrela do nosso sistema solar, o Sol? Sim, o grande astro também experimenta um dos fenômenos mais agradáveis que costumamos admirar aqui na Terra!
Mas, a “chuvinha” no Sol é bem diferente das águas a que estamos acostumados. Lá, as “gotinhas” têm o tamanho da Irlanda, caem a uma velocidade de 200ml km/h e atingem temperaturas da ordem de 50 mil Kelvins. Pense bem: uma gota do tamanho de um país inteiro, feito de plasma, gases ionizados e numa megavelocidade?!!!!! É, sem dúvida, um espetáculo deslumbrante!
Para entendermos o que acontece na superfície do Sol, é preciso, em primeiro lugar, compreender o que ocorre em seu interior. A densidade e a temperatura no núcleo do grande astro são enormes, alcançando 16 milhões de graus, aproximadamente.
Essa quentura toda faz com que ocorram processos, conhecidos como fusão nuclear, que dão origem aos chamados fótons – que, por serem altamente energéticos, eles tentam “escapar” do núcleo atômico, em direção ao espaço, mas a densidade dos átomos é tão grande que eles absorvem os fótons, aumentam sua energia e os reemitem. (Isso é que gera a liberação de energia para a superfície do Sol.)
Como numa grande panela de água fervendo, o que é mais quente e menos denso do fundo tende a subir, enquanto o material mais frio da superfície (que perdeu energia para o espaço) começa a descer. Quando a quentura do fundo chega à superfície, surgem bolhas que estouram e espirram como manchas, erupções (flares) e arcos de plasma.
Esses arcos são formados porque o sol, além de quente, produz gases com carga elétrica. Quando o plasma quente entra em erupção na superfície, ele é capturado por essa linha magnética do Sol e forma os arcos.
A chuva
Essa erupção na superfície do Astro Rei desestabiliza o plasma e a coroa solar. Acontece, então, um processo de condensação e, naturalmente, o plasma se transforma em líquido, caindo, de novo, na superfície.
São formadas, então, verdadeiras “cascatas” de material quente e magnético, que, hoje, a gente conhece como chuva coronal.
“É um processo bem parecido com o que ocorre na Terra: nuvens de calor são conduzidas para camadas superiores, que, na presença de campos magnéticos, podem resfriar, condensar e precipitar, na superfície do Sol, na forma de chuvas coronais”, explica o professor Marcelo Augusto Leigui, que faz parte, no Brasil, do Cherenkov Telescope Array (CTA), projeto multinacional que busca construir um instrumento de raios gama.
Essas tempestades, impulsionadas por explosões solares, podem ser bem importantes no controle da circulação de massa na atmosfera do Astro Rei. “Como este fenômeno descarrega uma grande quantidade de gás da coroa de volta para a ‘superfície’, é possível que ele seja o regulador da quantidade de plasma na coroa”, afirma Bruno Vaz Castilho, diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).
Dúvida importante
As origens do aquecimento coronal continuam sendo uma das maiores perguntas sem resposta da chamada Física Solar. Você sabia que a temperatura do plasma da coroa do Sol sobe rapidamente, dos 6 mil Cº da fotosfera para mais de 1 milhão Cº? É essa elevada temperatura que provoca uma fuga do material que forma parte do vento solar.
De toda forma, o exato mecanismo deste aquecimento ainda não está totalmente explicado. Há teorias e observações recentes que indicam que as altas temperaturas também estão ligadas ao campo magnético do Sol, que levaria energia para a coroa – que, por último, aquece o plasma (carregado eletricamente) e origina este fenômeno lindo!
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