A Leishmaniose Visceral é uma das doenças tropicais negligenciadas presente no Brasil. Isso significa que ela é causada por um agente infeccioso, no caso o mosquito palha – que tem esse nome por causa da sua cor – e é considerada endêmica na população de baixa renda.
Essa zoonose, quando não tratada, pode levar a morte. Pensando nisso, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) desenvolveu um aplicativo que ajuda os profissionais de saúde a fazer o diagnóstico precoce da doença.
Nomeado de LeishCare, o aplicativo está disponível, de forma gratuita, no Play Store (sistema Androide). Segundo a doutoranda do programa de pós-graduação em Medicina Tropical e Infectologia e criadora do app, Priscilla Silva, a tecnologia não dispensa o médico, porém busca otimizar o diagnóstico e o manejo dos pacientes.
O projeto, desenvolvido com o apoio da FAPEMIG, foi coordenado pela professora da UFTM, Luciana Teixeira. A pesquisa contou, ainda, com a participação do professor David Calhau Jorge e do mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica, Gerson Fonseca Junior.
FUNCIONALIDADES
O aplicativo para Leishmaniose funciona como um prontuário, onde os profissionais podem inserir todos os dados necessários para o diagnóstico.
Segundo Priscila Silva, também é possível fazer fotos durante as consultas para acompanhar o machucado. “Se a pessoa tiver com Leishmaniose Tegumentar podemos acompanhar se a lesão está melhorando ou piorando”, informa.
Outra funcionalidade do LeishCare é a possibilidade de calcular o score da versão da doença. Silva explica que ele calcula parâmetros, disponibilizados em manuais de saúde, para prever o risco de morte do pacientes.
“O profissional coloca no aplicativo as informações, ele calcula os riscos e informa como ele deve ser tratado”, conta a pesquisadora.
É possível, ainda, compartilhar alguns dados com profissionais referência no tratamento da Leishmaniose, além de acessar manuais de referências do Ministério da Saúde para o tratamento da doença.
TRABALHO COLABORATIVO
O desenvolvimento do aplicativo para Leishmaniose contou com a ajuda dos profissionais de saúde de quatro cidades mineiras. Porteirinha, Montes Claros, Paracatu e Lavras, foram as cidades escolhidas para testarem o protótipo do app. A ideia era verificar como seria a aceitação da tecnologia.
Para isso, o grupo entrou em contado com gestores de saúde das cidades, que, por sua vez, escolheram profissionais para participar do projeto. “Foi fantástico acompanhar de perto os profissionais inserindo os parâmetros laboratoriais do paciente e calculando o risco da doença”, lembra.
“A aba que mais chamou atenção foi a que calcula o nível de gravidade da doença”, destaca Silva
Por que essas cidades? A pesquisadora explica que essas são áreas endêmicas da doença tanto humana, quanto canina.
NOVOS CAMINHOS
Para Silva o aplicativo apresenta grande potencial de aplicação, sendo uma ferramenta gratuita e útil no diagnóstico de uma doença tropical negligenciada . “Precisamos, agora, alcançar mais pessoas, afim de que mais profissionais estejam com essa ferramenta em mãos”.
Para isso a tecnologia, que foi patenteado pela UFTM, está exposta na Vitrine Tecnológica da FAPEMIG. Iniciativa que busca dar visibilidade ao conhecimento científico e tecnológico desenvolvido em Minas Gerais.
A Vitrine objetiva, ainda, estimular parcerias e transferências de tecnologias gerando ganhos econômicos e sociais para o Estados.