As medidas de isolamento social que visam a contenção do avanço no novo coronavírus fizeram com que a população passasse a depender ainda mais da internet. Com isso, cresceu, também, o número de golpes virtuais.
De forma geral, a intenção dos golpistas é roubar os dados dos usuários (e-mail, RG, CPF, conta bancária) ou extorquir dinheiro, informa Clever Júnior, diretor adjunto de Tecnologia da Informação do Cefet-MG.
Ele explica que o uso de dados dos usuários resulta no cadastro em programas do governo (como o saque de FGTS e, mais recentemente, o auxílio emergencial), em assinaturas de serviços de stream, envio de spam, ou realização de outros cadastros.
Como os golpes virtuais acontecem
Clever Jr. afirma que a principal forma de aplicação dos golpes virtuais acontece via e-mail. As mensagens são oriundas de remetentes ilegítimos, e o golpista tenta envolver a vítima por meio de ofertas de serviços ou produtos.
Esse golpe é chamado de “phishing”, pois os fraudadores “pescam” a vítima por conteúdo falso. Há também e-mails que pedem para o usuário fazer um recadastramento ou oferecem mais capacidade de armazenamento. Nesses casos, a identidade do usuário acaba sendo roubada.
Segundo o diretor, o primeiro contato com a vítima pode acontecer também via SMS. Em ambos casos são enviadas mensagens falsas com links que levam o usuário a sites clonados e com conteúdos fraudulentos.
Uma outra forma de atuação é por meio de aplicativos e redes sociais. No segundo caso, os fraudadores fazem uma postagem patrocinada − o que deixa o usuário menos desconfiado−, com links que levam a tais sites.
“Por exemplo, ao navegar nas redes sociais, o usuário pode se deparar com uma postagem patrocinado de uma loja grande oferecendo um produto pela metade do preço. Nesses casos é bom desconfiar”, comenta Clever Jr.
O Whatsapp também tem sido uma ferramenta para aplicação de golpes. Uma fraude comum no aplicativo é o roubo de identidade e de contatos. Geralmente, quem aplica o golpe usa a identidade do usuário para pedir dinheiro para os contatos.
“O elo mais fraco é o próprio usuário. Por isso, é importante auxiliá-lo na identificação do que está acontecendo. Às vezes a pessoa é vítima de um golpe e nem sabe. A gente vê que as pessoas que têm dificuldade com tecnologia são as que mais caem nesses tipos de fraudes. Mas qualquer um pode ser vítima. Por isso, as campanhas para alertar e ensinar os usuários são importantes em todas as instituições”, comenta Cléver Jr.
Como se proteger
Para não cair em golpes virtuais há dois elementos que, segundo Clever Jr., são bastante importantes: atenção e antivírus. No caso dos e-mails, o diretor informa que o primeiro passo é avaliar com critério o remetente.
“Uma coisa que a gente vê bastante nos catálogos de fraudes é que os remetentes claramente não têm a ver com a mensagem do e-mail. Se a pessoa tiver o mínimo de treinamento e atenção ela vai conseguir identificar isso. Então, o usuário não deve clicar nos links nem responder mensagens. Um outro indicativo de fraudes são os erros de ortografia. Além disso, muitos desses e-mails são traduções automáticas do inglês, o que compromete o sentido. Se ainda restar dúvidas, o usuário pode só passar o mouse por cima do link e ver o endereço indicado”, informa Clever Jr.
No caso de SMS, o número de onde a mensagem foi enviada é um indicativo. Geralmente, empresas têm um número de poucos dígitos para envio de mensagens. Caso o número que enviou o SMS tenha DDD e siga um formato convencional, há grandes chances de se tratar de um golpe.
Ao instalar um aplicativo, o usuário deve se atentar ao desenvolvedor daquela ferramenta. Os aplicativos também devem ser adquiridos apenas pelos canais oficiais de cada marca (Play Store ou Apple Store, por exemplo).
Nas redes sociais, a atenção deve ser com o endereço de perfil. É preciso ver se a URL é a mesma que o nome de quem que fez a postagem. No Whatsapp (e outros aplicativos), a verificação em dois níveis é indispensável.
“De maneira geral, no caso de computadores e notebooks, o sistema operacional deve estar sempre atualizado. Também devem ser instalados antivírus, e as vacinas devem estar sempre atualizadas. O mesmo vale para os smartphones e seus aplicativos”, finaliza.