Utilizada como material alternativo na construção civil, a madeira plástica tem potencial sustentável porque permite reciclar os resíduos poliméricos que demorariam anos para se decompor. Partindo dessa ideia, pesquisadoras do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) produziram um compósito usando polímero plástico – Polietileno de Alta Densidade (PEAD) – e rejeito de mineração de ferro.
O projeto de iniciação científica foi concebido pela professora Patrícia Patrício e desenvolvido pela aluna do curso técnico de Química, Clara Lechtman, em 2018/2019. Segundo a estudante, o rejeito usado na pesquisa foi cedido pela empresa Vale e coletado pela própria companhia no ambiente da tragédia de rompimento da barragem de Fundão em Mariana, em 2015.
“O compósito, que foi produzido e testado, traz utilidade aos rejeitos que ficam estocados em barragens, como os desastres de Mariana e Brumadinho, e podem trazer danos irreversíveis na sociedade. Além disso, o projeto vem como uma alternativa à redução do impacto ambiental com o aproveitamento do lixo (plástico) descartado, caracterizando, assim, um projeto sustentável”, afirma a estudante.
De acordo com Clara Lechtman, durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível fazer descobertas, testar melhores concentrações, porcentagem, proporções e maneiras de usar o compósito. A madeira plástica que se origina do material tem elevada resistência mecânica e a altas temperaturas. Ela pode ser usada na produção de mesas e cadeiras, substituindo o uso de madeira tradicional e aumentando a vida útil desse mobiliário.
Ciência e juventude
O projeto “Desenvolvimento de compósitos baseados em polietileno de alta densidade e rejeitos de mineração para utilização como madeira plástica”, foi premiado na 18ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que aconteceu online este ano devido à pandemia de coronavírus. Para Clara Lechtman, a experiência da iniciação científica foi transformadora. Atualmente, ela estuda Engenharia de Materiais e afirma que foi motivada pela pesquisa desenvolvida no CEFET-MG.
“Sempre tive muito interesse em trabalhar na área de pesquisa. Quando eu entrei no CEFET, fiquei feliz com a possibilidade de trabalhar com pesquisa. É uma experiência única, pois entrei com 16 anos podendo conhecer materiais, equipamentos e laboratórios novos. Há uma autonomia diferente do que a gente tem em sala de aula. É uma experiência que me fez crescer muito e me faz de ter vontade de trabalhar na área de pesquisa”, afirma.
Ela ainda destaca a importância da iniciação científica como fator motivador para jovens cientistas. “Sou apaixonada por essa área. Esse projeto me faz ter esperança de que a pesquisa, junto com os jovens brasileiros, possa fazer do nosso país um lugar melhor para viver. Este projeto, por exemplo, vem com objetivo de diminuir e até mesmo impedir os danos causados pelo acúmulo de rejeitos em barragens, portanto, me fez ter uma luz e uma motivação enormes”, conclui.
(Com informações da assessoria da imprensa do CEFET-MG)