logotipo-colorido-1

AO VIVO

Divulgação Científica para crianças

plataforma de 1 real

Fim do isolamento e impactos na economia

Estudo mostra que a manutenção do isolamento pode mitigar queda do PIB de Minas Gerais

Economia mineira pode ser afetada com o fim do isolamento social (Wikimedia Commons)

A disseminação do novo Coronavírus pelo país fez com que governos estaduais e municipais adotassem medidas de isolamento social. Desde então, a discussão sobre o impacto econômico de tais medidas ganhou força. Tanto na mídia tradicional quanto em redes sociais, passou-se a debater se o isolamento social poderia, ou não, ser ineficiente, uma vez que poderia gerar problemas para a economia.

O estudo “Cenários de isolamento social da Covid-19 e impactos econômicos em Minas Gerais” apresentou uma possível resposta à questão. O trabalho foi publicado recentemente por pesquisadores do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), vinculado ao Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG.

Nele, averiguou-se que, em Minas Gerais, o fim das medidas de isolamento não é recomendado do ponto de vista econômico e social. Isso porque, caso o isolamento seja finalizado antes do controle da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) mineiro pode sofrer uma queda acumulada de até 4% nos próximos quatro anos, o que corresponde a R$ 69 bilhões.

Caso haja a opção por seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da comunidade científica, e o isolamento seja mantido pelo tempo necessário, o PIB do Estado deve cair apenas 1%, algo em torno de R$ 19 bilhões. Isso acontece porque, com o fim precoce do isolamento, haverá um aumento do número de pessoas contaminadas, o que afetará diretamente na disponibilidade de mão de obra pelo mercado.

O estudo na prática

A metodologia aplicada no estudo articula um modelo epidemiológico a um modelo econômico de dinâmica recursiva com temporalidade trimestral, específicos para o estado de Minas Gerais. Com isso, é possível atrelar os cenários da doença com os efeitos da economia.

Segundo os autores, foram avaliados os efeitos de três diferentes estratégias de isolamento na economia de Minas Gerais: distanciamento estendido, isolamento parcial e  sem distanciamento. “Diante disso, foram analisados os impactos que cada um desses modelos teria sobre a disponibilidade e o uso de mão de obra no estado de Minas Gerais e o impacto dessa disponibilidade e desse uso sobre a economia do estado”, afirmam.

Dessa forma, cada estratégia de isolamento proporciona um cenário diferente de internações e mortes pela Covid-19.

“Associamos essas fatalidades e internações à perda de produtividade e elevação de custos de produção, uma vez que o fator trabalho é perdido ou tem que ser substituído ao longo dos cenários da epidemia. Mesmo a substituição gera custos, já que se troca mão de obra treinada com o processo de trabalho que desempenha na referida função por mão de obra nova. Ainda que possa ter a mesma qualificação (ou não), a nova mão de obra desconhece os processos produtivos e gerenciais da empresa, o que afeta a produtividade”, detalham.

A conclusão é que embora o isolamento apresente custos à economia, abrir mão pode ter impactos ainda mais negativos. “Os resultados mostram que o maior isolamento social também tem benefícios econômicos. Poupar vidas e garantir a capacidade de atendimento do sistema de saúde para a maioria da população é um ganho econômico relevante. (….) A conclusão é de que isolamento mais forte tanto pode produzir um PIB maior como melhores condições de saúde”, afirmam na publicação.

Autores

O estudo é assinado por Aline Souza Magalhães, Débora Freire Cardoso, Edson Paulo Domingues, Rafael Saulo Marques Ribeiro e Gilvan Guedes, professores da Face, Reinaldo Santos, doutor em Demografia pelo Cedeplar, Diego Miyajima e Thiago Simonato, doutorandos em Economia no Cedeplar, e Monique Felix e Jeferson Andrade, pesquisadores do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas (ICEx).

(Com informações da UFMG e do Cedeplar)

Conteúdo Relacionado