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Pesquisa fará testes em massa do coronavírus na população de Betim

Iniciativa é resultado de parceria entre a prefeitura municipal e o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG

Ação educativa durante a pandemia. Foto: Prefeitura de Betim

Uma pesquisa aplicará dois testes diagnósticos simultâneos, em massa, para a detecção da Covid-19 na população de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A previsão é que, ao todo, até 5,4 mil pessoas sejam submetidas ao teste rápido e ao exame de PCR. Este último é o mais preciso, indicado pela Organização Mundial da Saúde, para confirmar a infecção pelo novo coronavírus.

A pesquisa terá a participação do Laboratório de Biologia Integrativa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “A maioria dos estudos de avaliação de taxa de prevalência da infecção por coronavírus utiliza basicamente o teste rápido. Nós vamos combinar as duas técnicas e usar essa ideia para reduzir o custo e o tempo necessário para diagnosticar”, afirma o professor Renan Pedra de Souza, do ICB. Ele é quem está à frente da pesquisa na Universidade.

O pesquisador explica que o exame de PCR, feito por meio de swab (cotonete) nasal, é caro, inacessível para a maioria da população. O teste indica se a pessoa está com o vírus no momento da coleta, mesmo que não manifeste sintomas da doença. Já o teste rápido revela se a pessoa já foi contaminada pelo coronavírus em algum momento, nem sempre na hora do exame.

Combinação

Por que combinar dois testes, em vez de ampliar a distribuição, com um único exame por pessoa, no contexto geral de baixa testagem no Brasil? “Quando se faz um processo de amostragem, não necessariamente uma amostra maior é mais informativa”, pondera o professor. “Nós poderíamos fazer mais testes rápidos. Então, eu teria uma amostra desnecessariamente grande, que na verdade incorreria em desperdício de dinheiro público, para ter determinada resposta de caracterização de quantas pessoas já tiveram contato com o vírus”, explica.

A estratégia combinada, que será usada em Betim, é a mesma de um projeto aprovado no Programa emergencial de apoio a ações de enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus, da FAPEMIG, também coordenada por Renan Pedra de Souza:  Otimização temporal e de custeio do processo diagnóstico de SARS-COV-2 para resolução dos casos suspeitos do Estado de Minas Gerais. O objetivo é orientar respostas mais rápida dos gestores públicos, para a construção de estratégias de enfrentamento da doença baseadas em dados específicos da população.

Realidade local

Betim tem 439 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O último boletim oficial da Prefeitura informa 41 casos de Covid-19 confirmados, com quatro mortes – a última confirmada nessa terça, 19, de um jovem de 23 anos. Mais de 3,7 mil casos de síndrome gripal foram notificados e  880 descartados. No dia 22 de abril, um decreto permitiu a reabertura do comércio local. Medidas de controle foram determinadas, como a obrigatoriedade do fornecimento de álcool em gel e a limitação do número de pessoas nos estabelecimentos. O uso de máscaras também é obrigatório em locais públicos e o desrespeito à norma implica em multa de R$ 80. As escolas permanecem com atividades suspensas.

O objetivo da pesquisa é ter a dimensão real do número de pessoas infectadas no município. Assim, será possível estimar o número total de casos e a letalidade da doença com mais precisão, além de identificar o tipo do vírus em circulação. “É um estudo populacional de pessoas que estarão assintomáticas, na sua maioria, porque o inquérito será feito nos domicílios dos participantes”, lembra o professor do ICB.

A coordenação geral da aplicação dos testes é do Núcleo de Pesquisa da Escola de Saúde Pública de Betim, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. “Para que essa mostra seja um retrato fiel da população da cidade, o bioestatístico da Prefeitura calculou quantos moradores precisavam ter o exame coletado e qual o percentual de homens, mulheres e faixas etárias que precisam participar da pesquisa. Essas pessoas serão escolhidas aleatoriamente via sistema computadorizado”, detalhou a coordenadora geral da pesquisa, a enfermeira Ana Valesca Fernandes, do Sistema Único de Saúde (SUS) em Betim.

Coleta

A coleta dos exames começará em junho e será realizada, inicialmente, em três etapas, podendo chegar a cinco. Em cada fase, 1.080 residências sorteadas serão visitadas por equipes da Secretaria Municipal de Saúde, formadas por um enfermeiro, um agente comunitário de saúde e um motorista. A pessoa será convidada a participar da pesquisa e a responder a um questionário, além de fazer os dois testes.

Os participantes terão acesso aos dois resultados. O do teste rápido será imediato e o da PCR poderá ser consultado pela internet, em no máximo 30 dias.  As pessoas que apresentarem sintomas e tiverem resultado positivo para o teste rápido serão orientadas e encaminhadas para atendimento na rede pública.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, medidas de proteção e desinfecção serão tomadas para proteger tanto os profissionais quanto os moradores visitados. As equipes estarão uniformizadas e identificadas e um número de telefone será divulgado para confirmação da veracidade da pesquisa.

Alessandra Ribeiro

Graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte - Uni-BH (2004). Especialista em Imagens e Culturas Midiáticas (2008) e mestra em Comunicação Social (2020) pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG . É jornalista do projeto Minas Faz Ciência desde 2015 e autora do e-book Mulher faz Ciência.

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