logotipo-colorido-1

AO VIVO

Divulgação Científica para crianças

plataforma de 1 real

Eu me amo!

Em livro com 78 pequenos “movimentos” narrativos, professor Norval Baitello junior discute o rito cotidiano de apreensão do mundo por meio das “selfies”

Ciência na Estante

Quem já não se dedicou – ou assistiu – à prosaica cena de amor à própria imagem, em que, de costas à paisagem a ser fotografada, a pessoa estende os braços, posiciona o smartphone, sorri e “eterniza” a união entre sua existência e as nuances do mundo?

Tal frugal ofício do autorretrato – hoje, mundialmente expresso pelo vocábulo inglês selfie – é analisado, com sabor, originalidade e profundidade, no livro Existências penduradas, de Norval Baitello Junior, professor de Mídia e Cultura da PUC São Paulo.

Na obra, composta por 78 breves “nuvens” – ou pequenas narrativas reflexivas –, que podem ser lidas de modo não linear, o autor discute estatutos e princípios (estéticos, políticos, antropológicos, sociais etc.) da imagem na contemporaneidade.

Ao viajar pelos tópicos analíticos, leitores e leitoras poderão analisar temáticas ligadas a questões como “O paradoxo da imagem”, “Totenismo ou titanismo?”, “O gesto”, “O sorriso da selfie, o riso, a gargalhada” ou “O casamento e o divórcio, as fotos e as desfotos”.

Foto: Maurício Guilherme Silva Jr.

Trecho

“A mão direita ou a esquerda levantada à frente e acima do corpo, o rosto voltado para o alto. Ao fundo, em frente, ou no fundo, logo abaixo, um cenário espetacular qualquer. Mas como ‘espetacular qualquer’? Se é espetacular, não é qualquer! Neste caso, sim, o principal é quem fotografa a si mesmo, o cenário que pode ser a Torre Eiffel, a muralha da China, o Coliseu, a estátua da Liberdade, o Corcovado e seu Cristo, tudo será secundário, coadjuvante, menor que o ‘eu’ que fotografa e aparece na foto. A mão segura um pequeno objeto de simples manuseio e complexa tecnologia, adequado ao tamanho entre o polegar e os outros dedos, perfeitamente encaixado. É chamado ‘celular’, ‘telemóvel’, ‘Händy’, ‘movil’ ou simplesmente ‘phone’, na sua versão mais elaborada, o smartphone. Assim nos fotografamos, de cima para baixo, como se estivéssemos pendurados à mão que fotografa a nós mesmos lá embaixo.”

O livro

Livro: Existências penduradas – Selfies, retratos e outros penduricalhos
Autor: Norval Baitello Junior
Editora: Unisinos
Páginas: 129
Ano: 2019

Conteúdo Relacionado