Em tempos de coronavírus, os ventiladores pulmonares tornaram-se equipamentos essenciais para preservarem vidas, mas ao mesmo tempo, transformaram-se em produtos raros e escassos para o Brasil e o mundo. A demanda por respiradores tem sido tão grande, que os fabricantes estão tendo dificuldades em entregá-los. Virou um bem valioso no mercado, digno de disputas comerciais e até leilões. Nem mesmo a China, grande produtora industrial e que aos poucos vem voltando a rotina, não consegue atender aos pedidos devido à gigantesca procura.
E justamente com o objetivo em tentar diminuir essa falta, uma empresa mineira de soluções tecnológicas, a Tacom, desenvolveu em 20 dias, um protótipo de ventilador pulmonar inteligente para dar suporte ao tratamento dos pacientes infectados pelo novo coronavírus. Por meio do projeto social InspirAR e com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o equipamento foi desenvolvido e já foi enviado ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), onde está sendo submetido a novos testes. A expectativa é de que seja homologado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já nos próximos dias.
Mais baratos
De fácil manuseio e com custo aproximado de R$ 15 mil, os ventiladores são significativamente mais baratos que os importados existentes no mercado, cujo preço médio gira em torno de US$ 30 mil. Mas, além do custo, outros pontos colocam o ventilador em vantagem frente aos respiradores comuns. O equipamento evita o vazamento de ar contaminado, expirado pelos respiradores convencionais e possibilita, ainda, que profissionais da saúde especialistas em ventilação mecânica possam se dedicar a casos mais graves, já que os ventiladores são controlados remotamente, bastando apenas um profissional para o controle de até 50 equipamentos simultaneamente.
De acordo com o diretor comercial da Tacom, Marco Antônio Tonussi, o equipamento trata-se de um respirador classe 3, todo digital, de tecnologia sofisticada e que tem como diferencial uma interface muito amigável e de fácil manuseio para os médicos. Segundo ele, possui um sistema exclusivo desenvolvido que aspira o ar contaminado dos pulmões e direciona esse ar para uma rede específica . “Isso, para jogar para fora do ambiente onde é tratado biologicamente e livrar o ar da contaminação do vírus, sendo devolvido ao meio ambiente como um ar descontaminado” explica.
Uma rede em busca da solução
Para o desenvolvimento do ventilador pulmonar participaram do projeto médicos intensivistas de uma grande rede de hospitais de Minas Gerais, uma equipe de 35 engenheiros, além de programadores e desenvolvedores. “Nos países mais atingidos, a falta de respiradores foi o principal motivo dos óbitos. Pensando nisso e na tentativa de salvar vidas, decidimos nos movimentar para desenvolver um novo modelo de ventilador pulmonar”, afirma Tonussi. Para ele, o maior desafio do projeto sempre foi agilizar o processo de homologação, que, em situação normal, dura de 6 a 12 meses. “Mas acreditamos que agora, após passar por esta etapa, o equipamento seja finalmente certificado”, conta o diretor.
A estimativa é que entre 5 e 10 mil equipamentos sejam produzidos em um período de 45 a 60 dias. A produção se dará em fabricas e empresas parceiras de Minas Gerais em cidades como Contagem, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e uma empresa Mococa, no interior de São Paulo. A primeira remessa será entregue por encomenda pela Fiemg aqui no Estado. Existe uma expectativa de aquisição por parte do Governo de Minas, assim que a homologação for realizada. “Mas já temos pedidos e encomendas de diversos estados do país, inclusive no Nordeste, onde a situação está mais crítica neste momento devido à falta de equipamentos e verba”, reforça Tonussi.
Em relação ao preço, o respirador está sendo ofertado para a Fiemg com um valor abaixo do mercado, bastante subsidiado, no qual as empresas parceiras do projeto estão trabalhando com as margens bem zeradas. Assim, acaba ficando com um valor de mercado muito atrativo. O diretor comercial avalia que o valor é inferior ao dos equipamentos similares a ele, que são importados. “Mas tudo isso possível por meio das parcerias que temos com as empresas envolvidas no projeto. Nada relacionado a qualidade do produto que é muito tecnológico, eficiente e sofisticado”, garante ele, reforçando que além da Fiemg há outros parceiros do projeto como o Hospital Mater Dei, a Montec Montadora, Multilaser, dentre outras empresas.
Com informações da assessoria de imprensa da Tacom